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24 de junho de 2012

Prowler + Xibalba @ The Underworld (Londres)

Ora fim de tarde de sexta-feira, o que é que se faz? Vai-se a um belo concerto de hardcore, não é verdade? Era bom que tivesse sido. Foi isso que aconteceu? Mais ou menos. Mas adiante, que para mau já chega o tempo de Verão nesta terra.

Encontrei-me com o Tiago e a Sandra em Camden por volta das oito horas para irmos ver os Xibalba. Eles só queriam ir a um concerto para descomprimir e eu, achando que Xibalba seria bem banhado a Crowbar, achei que poderia adicionar isso à boa companhia. Como de costume, aproveitei a benesse da guest list que tenho naquela sala - podendo dar-me ao luxo de lá chegar a qualquer hora sem ter que me preocupar em fazer render o bilhete.

Antes de entrar fomos até o McDonalds comer um jantar que não estava mau de todo e foi, na sua grande parte, regado com boa conversa. Quando voltámos para a sala já a Grécia estava - infelizmente - a levar nas orelhas e os alemães a dois passos de se encontrarem connosco na final (cof...!). A banda que estava a tocar eram os Prowler, que eu já tinha oportunidade de ver ao vivo um par de vezes e sabia que o mosh pit aquecia tipo forno a lenha enquanto eles tocavam. Desta vez não desapontou - foi pancadaria que ferveu. Infelizmente só vimos meia dúzia de músicas deles, mas mesmo assim valeu. É sempre bom de ver ao vivo e creio que esteja na hora de os verificar em disco. A sala estava meio vazia (as in como muito espaço livre) e eu não sabia bem o que esperar do que aí viria.

Os Xibalba - com sua paleta de mexicanos americanos - subiram ao palco pouco depois e... pois, não sei bem. Não sei se diga que é mau, estranho ou apenas não a minha cena. Eu pensava que era Crowbar, mas infelizmente nem isso. É tipo metalcore. Mas tipo beatdown também. E com partes rápidas. E partes freaks. Enfim, é uma misturada e não é de todo a minha cena. Prefiro mil vezes o novo disco de Dying Fetus. Mil vezes. O set não foi muito comprido, mas deu para um bocejo aqui e ali. O pessoal mexeu-se ok, mas nada de mais. Valeu a companhia e ter sido de borla. Palavra nisso.

16 de março de 2012

Atari Teenage Riot @ The Garage


Depois de ver os Atari Teenage Riot qualquer coisa como cinco (!) vezes em três cidades diferentes em menos de um ano e meio, decidi que se calhar devia fazer uma pequena pausa e passar por cima das próximas vezes que viessem a Londres. Isto, claro, até ao dia em que me disseram que eles iam tocar no Garage, numa noite patrocinada por uma bebida energética qualquer, e que o bilhete custava só £5. Nesse caso, pensei eu, sou capaz de fazer uma excepção. E claro que fiz. E claro que foi a melhor decisão que podia ter tomado. O concerto foi bom em todos os sentidos e não fiquei nem um bocadinho desapontado. Ok, talvez tenha ficado um bocadinho por não terem tocado a No Remorse, mas hey, não é como se já não os tivesse visto cinco vezes...!

Fui ter com o meu irmão depois de sair do trabalho e fomos jantar a um restaurante, relativamente perto da sala, chamado Big Red. Já lá tinha ido algumas vezes e sabia que tinham uma boa pratada de nachos, embora não me apetecesse algo tão pesado. Optei por uma boa sandes de queijo haloumi e o meu irmão pediu o mesmo. Estava boa, mas podia ter estado melhor. Voltámos para a sala do concerto e chegámos antes dos Atari Teenage Riot subirem ao palco. Ainda tivemos que esperar um pouco para que tal acontecesse mas ao menos não tivemos que levar com as bandas de abertura que, do que eu tinha ouvido, não eram mesmo nada de especial.

O concerto começou com um instrumental longo que parecia não ter fim. A estrutura foi a mesma dos outros concertos que tinha visto deles, principalmente do que vi em Los Angeles. Começaram com algumas músicas novas e depois despejaram uma série de músicas antigas para manter os níveis energéticos bem altos. A banda tinha um membro novo, que veio substituir o Kidtronik, mas que não me convenceu por aí além. O Alec parou uma ou duas vezes para fazer uns discursos mais vagos do que os que eu já tinha ouvido anteriormente mas nem por isso o concerto perdeu em qualidade. O público, do mais variado possível, estave incansável do início ao fim. Como sempre, foi uma belíssima noite passada ao som dos Atari Teenage Riot e uma que... voltaria a repetir, nem que fosse para ouvir a Hetzjagd Auf Nazis mais uma vez!

Suffocation @ The Underworld


Na minha lista de melhores concertos visto em 2011 consta, bem colocado, o dos Suffocation no Hellfest. Depois de os ver pela primeira não pude deixar de desejar que eles viessem a Londres brevemente para eu poder repetir a dose. Foi com alguma excitação que soube que eles cá viriam em 2012, principalmente sendo estando o concerto agendado para o Underworld.

Como tive que trabalhar até mais tarde, sabia que ia perder quase todas as bandas - algo que não me aborrecia por aí além. Tinha visto Cattle Decapitation em San Diego no Verão anterior e confesso que não me despertou grande interesse. Pelo menos não ao ponto de os querer ver de novo.
Combinei com o João à saída de estação de metro de Camden por volta das nove. Fomos até à sala ver quem estava a tocar e, depois de apanhar - literalmente - o fim do concerto de Blood Red Throne, voltámos cá para fora. A sala estava composta, embora não estivesse (de todo) cheia.

Fomos até ao McDonald's pôr alguns assuntos em dia e depois de lá ficarmos cerca de quarenta minutos voltámos para a sala. Ainda apanhámos a última música de Cattle Decapitation que, muito como em San Diego, foi ok mas nada de especial. Desta vez, como estava com menos sono se calhar consegui apreciar melhor embora o som que eles toquem não seja, de todo, do meu agrado.

Depois de eles acabarem fomos para o lugar habitual na sala: lá em baixo, junto à parede, do lado direito do palco. Não parecia que fosse encher, o que era estranho. Eu já sabia de antemão que o Frank Mullen não ia cantar nessa noite e estava meio desapontado com isso embora as músicas de Suffocation valham também pela brutalidade que o instrumental é ao vivo. O vocalista que substituiu o Frank era engraçado e tinha boa voz, não me deixando a sentir falta dele. Tocaram imensas músicas dos dois primeiros LPs e algumas dos mais recentes. Achei o set brutal e fiz questão de abanar bastante a cabeça. Afinal de contas, não é todos os dias que se vê Suffocation - reis supremos do death metal técnico. Nota 5, mesmo sem o Frank. Sim, assim tão bom!

27 de fevereiro de 2012

Kaiser Chiefs - The Future Is Medieval Tour 2012


Os Kaiser Chiefs são uma daquelas bandas a quem eu só comecei a prestar atenção depois de me mudar para Londres. Creio que a razão principal para isto se deva ao facto de ouvir rádio inglesa no escritório e ficar mais atento ao que se passa por cá. O amor por eles foi crescendo lentamente ao longo dos últimos três a quatro anos e, tendo descoberto que eles iam tocar aqui a dez minutos de casa, não perdi tempo em comprar um bilhete. Já vacinado o suficiente no que toca a plateias, optei por ir para a bancada e tive a sorte de conseguir um lugar bastante bom. Há quem tenha uma opinião contrária em relação à sala, mas eu gosto imenso do Hammersmith Apollo. Por alguma razão é a única sala onde os Motörhead tocam em Londres!


O United jogava no mesmo dia e à mesma hora e sabe Deus como eu ADORO quando isso acontece. O meu dilema era se ainda daria para ver a primeira parte na televisão ou não - perdendo as bandas de abertura - ou se devia ir para lá logo a seguir a sair do escritório. A questão era mais se me iam roubar o lugar (que ficava mesmo na primeira fila da bancada) ou não! Optei então pela segunda e cheguei lá pouco depois das sete horas. Entrei calmamente, passei os olhos na banca de merch e não resisti a comprar um poster da tour, autografado. Pude pagar com cartão, o que achei brutal! Não tão brutal como o poster vai ficar - emoldurado - na parede da sala, mas brutal nonetheless.

As duas primeiras bandas foram muito chatas. Primeiro tocaram os Fixers e depois os Frankie and the Heart Strings. Se há estilo de banda que não faz mesmo o meu estilo, é esse. Enquanto esperava pelo que me tinha levado ali, sentei-me confortavelmente a ler o livro que estava a ler (no iPhone, entenda-se). Ainda deu para adiantar umas valentes páginas.

O concerto de Kaiser Chiefs foi memorável. Eu não sabia que este era o último concerto da tour mas isso só serviu para adicionar ao ambiente de festa. Tocaram todas as melhores músicas e algumas do disco novo, sem exagerar na quantidade. O espectáculo de palco foi brutal e, ainda que estivesse tudo muito simples, estava extremamente bem feito. Perto do fim o vocalista veio até cá cima, de onde cantou parte de uma música a meros metros de mim. Foi um bom momento, claro, e um concerto que não irei esquecer. Espero que voltem brevemente e que o United não volte a perder como perdeu nesse dia.


26 de fevereiro de 2012

Last Witness + Devil Wears Prada @ The Underworld (Londres)


Sexta-feira à noite e nada para fazer, faz-se o quê? Vai-se a um concerto daquilo a que eu chamo de metalso! Não é bem metal, não é bem hardcore... queria ser metal mas não é... vocês entendem. Já tinha dito ao João que arranjava guest na boa para este concerto e dei também a dica ao Ema que eu sei que ele curte estes andamentos. Eu, confesso, só fui mais para ver as vistas.

Chegámos lá cedo, a tempo de ver a primeira banda embora tivessemos optado por não o fazer. A fome falava mais alto e fomos em busca de um sítio para comer. Depois de andar para a frente e para trás na High Street optámos pelo McDonalds. A refeição estava boa mas nada do outro mundo. McDonalds, right? lol!

Chegámos à sala quando Last Witness estava a começar. Fomos para o lado direito e ficámos a ver o concerto dali. Foi meio bizarro ter uma molhada de miúdos com penteados horríveis e maquilhagem à frente do palco sem se mexer e um mini-mosh pit do nosso lado. Além de ser mini era também ridículo. Muita falta de jeito e de estilo à mistura. Maldito dia em que o mosh como dança foi parar à MTV. Até curti do concerto deles, embora esta não seja a minha onda. Um dos guitarristas tinha uma t-shirt de Slipknot. Não percebi se era por piada, mas eu não me ri. Se calhar dá "granda maluco" points.

Devil Wears Prada, tendo em conta que eu não posso com o estilo que eles tocam, foi mau. Muito mau. Houve lá partes fixes para o headbang e o pessoal estava todo louco (a sala estava sold out) mas eu aborreci-me rápido. A cereja no topo do bolo foi mesmo quando ele disse, duas músicas antes do fim, que eles eram todos crentes e religiosos e que Jesus Cristo é o Senhor. A sério? Não, a sério mesmo? Gostava de saber o que é que o Vaticano acha de uma banda que prega Jesus incitando à violência ao mesmo tempo. Eu sei o que é que acho: que valente bando de atrasados mentais. Deus não existe, agora voltem para a igreja e deixem as guitarras de lado.

30 de janeiro de 2012

Sheer Terror + Knuckledust @ The Underworld (Londres)

Sheer Terror, um ano depois. Ok! Parece-me bem. Quem diria que foi há um ano que os fui ver à Bélgica? Eu não! Desta feita tive a companhia da maralha do costume e do Nuno, que veio de Portugal de propósito para o concerto. O concerto era para ser, originalmente, no Old Blue Last, um bar muito pequeno onde eu já tive a sorte de ver Career Suicide e Integrity, entre outras bandas. Por algum motivo que me transcende, o concerto foi mudado para o Underworld e, honestamente, o meu nível de aborrecimento com esta decisão era muito pequeno.

Combinámos na saída do metro de Camden às 6 e meia, que o concerto ia começar por volta das 7. Depois de ficarmos um pouco cá fora a falar ao frio (estava MESMO frio!) lá entrámos. Estava uma banda em cima do palco a montar um backline, e nós não estávamos a perceber se era a banda de abertura ou não. Os alinhamentos para a noite diziam que não, mas nós não tínhamos a certeza. Esperámos ao sabor de mais umas conversas até que a tal banda (a segunda da noite, descobrimos) começou a tocar para uma sala muito vazia.

33: Ok, a intenção era boa mas a execução nem por isso. Partes rápidas ou muito rápidas misturadas com umas mais lentas. Ouve-se bem, mas certamente que ganharia se o baterista não mandasse pregos a torto e a direito. Não tocaram mais de 15 minutos, o que foi fixe. Acho que o melhor momento do concerto foi mesmo a cover de Negative Approach.

Injury Time: Fomos jantar ao Burger King. Estava bom, mas o serviço continua a ser uma granda trampa. Às vezes nem sei porque continuo a lá ir. Comi um bean burger, claro, e umas batatas fritas especiais que eles agora têm.

Knuckledust: Já os vi algumas vezes e até gosto de os ver ao vivo mas nunca liguei muito aos CDs. Acho que nem nunca ouvi nenhum do princípio ao fim. Ups...! No entanto, este concerto foi bom. Muito bom mesmo! Daqueles em que soa o primeiro riff já está tudo ao estalo. E não é um estalo qualquer, é um bom dance floor ao bom estilo da LBU em que só sobrevive mesmo o mais forte. Não sei as músicas eram antigas ou novas mas cá de baixo, numa sala já mais bem composta, a única coisa que via era fruta a ser distribuída. Bom concerto!

Sheer Terror: A razão! Não desapontou, claro. Como poderia? Basta ter o Paul Bearer em palco a estar-se completamente nas tintas para tudo e mais alguma coisa, que o concerto vale logo o preço. Tocaram algumas músicas do Just Can't Hate Enough (Here To Stay, Twisting And Turning, Cup O Joe e Just Can't Hate Enough), que é o meu disco preferido. Estava especialmente excitado para ouvir a Cup O Joe, que é a minha música preferida deles, e claro que não fiquei desapontado quando a tocaram em penúltimo lugar seguida da Just Can't Hate Enough. O ambiente na sala estava ok, com muito pessoal muito grande a representar o pogo punk. Cá de baixo aparentava estar cheia. Houve dives, bons singalongs e, muito como na Bélgica, um Paul Bearer sem nenhum problema em mandar vir com membros da audiência que não sabem estar calados preferido gritar estupidezes sem fim nos espaços mortos entre as músicas. Foi um bom concerto. Se cá voltarem é certo que lá estarei, como não? I, SPOILER!!

22 de janeiro de 2012

Henry Rollins - The Long March Tour


Dois anos volvidos e eis que o Henry Rollins decide voltar a Londres. Eu, como fã que sou, não perdi tempo a comprar bilhetes para o ir ver. Desta feita fui com o Rui que, como eu, também o admira. Ainda tinha bem presente na cabeça as memórias do último spoken word dele (aqui) e estava muito apreensivo em relação a este. Não tanto por achar que ia ser mau, mas por achar que ia ser demasiado bom. A apreensão confirmou-se: foi brutal. Todas os minutos das 2 horas e 30 minutos que durou.

Saímos aqui de Hammersmith pelas 6 e tal. O espectáculo era suposto começar às 7 e meia e nós pelas 7 já lá andávamos. A District Line não nos desapontou (for a change). Antes de entrar, e visto que tínhamos meia hora para queimar, fomos até ao McDonald's da estação de Waterloo comprar um snack que desse para acompanhar o estômago ao longo das (supus eu) duas horas que o senhor ia falar. Chegámos 5 minutos antes e prontamente tomámos aos nossos lugares, que eram melhores do que o que eu me lembrava de ter marcado. O auditório (o mesmo do ano passado) é brutal e tem uma acústica fabulosa. De novo, o público era do mais variado possível e, ainda que desse para os distinguir bem, os que vinham do meio do hardcore ou do punk constituíam uma minoria.

O Henry entrou em palco uns 10 minutos depois da hora marcada e começou por falar sobre o que é ter 50 anos (o mesmo que ter 49 ou 51, de acordo com ele) para chegar à conclusão que, no fundo, a vida lhe tinha ensinado muitas coisas, nem sempre da forma mais fácil e que agora estava num período mais reflectivo. Para começar falou (ainda bastante tempo) sobre os tempos de Black Flag, indo buscar histórias aqui e ali, que de alguma forma lhe fizeram ver alguma coisa de forma diferente e, consequentemente, daí tirar alguma lição. Alguns dos highlights foram: os Metallica serem os únicos cabeludos num concerto deles, bem nos early 80s; o dia em que ele imitou o Dennis Hopper para... o Dennis Hopper, numa exposição em LA, e ele fugiu a 7 pés; histórias de concertos e sobre como era tocar naquela altura, desde ser cuspido pelo público a não haver backstage.

Depois disso ele falou um pouco sobre a América (nomeadamente o facto de ser um povo super-consumidor e algo brainless) sem ser muito chato, adicionando várias opiniões a histórias engraçadas. As partes mais interessantes foram, como da última vez, as viagens. Desta feita falou de viagens à Índia, Coreia do Norte (decidi que não vale, definitivamente, a pena lá ir), Vietname, Tibete, China e Haiti. Todas com experiências brutais e histórias que, como o Rui mencionou, dão vontade de ficar ali a noite toda a ouvir o senhor falar.

A conclusão foi que este é o nosso século, no sentido em que não o vamos sobreviver. Assim sendo, cabe-nos a nós fazer dele um melhor sítio. Que "nós" somos a resposta a todos os que andam aí despreocupados com aquilo que se passa à volta deles. Ele diz que o gospel dele é pizza e os Ramones, e eu... eu concordo. Até à próxima Henry, obrigado por seres uma inspiração desde há já algum tempo.

14 de agosto de 2011

Strife + Stick To Your Guns @ The Underworld (Londres)

Ah, assim é que é bom de ver... concertos fixes quase todas as semanas. Bom, muito bom. Uma das razões que me fazem esquecer a falta de Verão nesta terra. Curiosamente, o primeiro CD de hardcore straightedge que comprei (na altura em que se comprava CDs sem se saber bem ao que se ia) foi o One Truth de Strife e desde então que sou fã da banda. Acho que o comprei na Carbono do Portugália há mesmo buéda anos atrás e fi-lo porque tinha visto pessoal com t-shirts deles e eles estavam na Victory. Claro que o André de 17 ou 18 anos não apreciava tão bem o CD como o André de 29 anos mas isso são outras conversas. Estava relativamente excitado para os ver e principalmente para ver o que ia sair dali.

Encontrei-me cedo (demais?) com o Ema e uma amiga minha lá à porta e fomos até às barraquinhas merendar. Comi pizza, que aquela hora só custava £1 por fatia. Não estava mesmo nada de especial, mas tendo em conta que nesta última viagem aos States a única coisa que comi foi pizza, se calhar os meus standards estão um bocado altos. Não estava a chover nem frio por isso esteve-se bem, até deu para ver uma ratazana a passear pelo meio das pessoas, ao bom estilo de Camden.

Depois fomos para a porta da sala esperar pelo Cavalinhos, que se juntou a nós mais tarde. Descemos para ver Ritual (segunda banda), dos quais só apanhámos duas ou três músicas. Se gostei? Não. Se acho que é hardcore? Não do que eu gosto, certamente. A sala estava a meio gás mas o pessoal parecia estar a curtir. Uma coisa que curti na banda é que apesar do som ser bem chato (uma espécie de downgrade dos Snapcase) as músicas eram curtas. Bem hajam por isso.

Depois tocaram os Stick To Your Guns, banda de quem eu já tinha ouvido falar mas nunca tinha ouvido. Ou já? Se eles tocaram daquela vez com Born From Pain em Corroios se calhar já...! Demasiados concertos. Não desgostei, até porque eles dão um bom concerto. O som não é bem a minha cena, mas ouve-se bem. O combo parte pesada com vozinhas melódicas faz-me alguma confusão. Se é para andar à mocada no pit, que seja com uma cena tipo Bulldoze. To each his own, I suppose. O Cavalinhos estava com a impressão que o guitarrista era o mesmo de Walls Of Jericho, e eu acredito nele.

Strife... bom, Strife. Eu não sabia o que esperar, apesar do Tofu já me ter dito que tinha sido brutal em Viveiro. Bastou a primeira música para perceber o andamento da coisa. Que concerto! Acho que isto nem pode ser considerado um reunion porque a única diferença é só mesmo a barba do Rick. Concerto super intenso e com óptima resposta por parte do público. Bons discursos, principalmente sobre este regresso da banda, em que o guitarrista disse que Strife vai ser sempre Strife - a dar o melhor em palco e esperar o mesmo do público. A meio do set o Rick fez uma avaria qualquer e começou a sangrar da cabeça, o que adicionou um pouco ao factor espectáculo. All in all, foi um concerto muito bom. Intenso e super tight. Tive pena que não tivessem tocado mais músicas do One Truth mas não se pode ter tudo, I suppose!

Claro que quem me conhece sabe que mesmo que o concerto tivesse sido uma trampa, eu tinha dito maravilhas dele só porque o Rick estava com uma t-shirt de Infest. Yup, estava mesmo. There is only one truth!

8 de agosto de 2011

Agnostic Front + First Blood @ The Underworld (Londres)

Mais uma noite de rock n roll, desta feita com o Rui e o Cavalinhos. Depois de termos esperado cerca de 20 minutos que a chuva intensa (a meio de Julho...) parasse, apanharmos granda banho para chegar ao restaurante e comermos granda pizza, lá nos encontramos com o Cavalinhos à porta do Underworld. Muito como na vez anterior chegámos mesmo na altura em que a banda de abertura ia começar. Ah, pontaria!

Desta feita a primeira banda eram os First Blood (a sério alguém dê umas chapadas ao gajo que faz estes tour packages ridículos...) e sala estava meio composta para os receber. Acho que já vi First Blood quase mais vezes que os dedos das duas mãos mas não prometo. Confesso que gosto imenso do primeiro disco deles (aquela demo que saiu em CD) e nunca perdi tempo a ouvir nada que tenha saído a seguir a isso. O meu problema com eles? O facto de todas as partes parecerem iguais a todas as partes de todas as músicas. A sério...! O que vale é que nos sets deles divirto-me sempre a olhar para o pit a ver quem é o primeiro a sair de ambulância. Não aconteceu (felizmente) e o pit não estava assim tão violento que desse interesse por isso o concerto acabou por me valer alguns bocejos. Tocaram uma ou duas (acho que foi só uma) do primeiro disco, que curti, claro.

Os Agnostic Front entraram em altas para uma sala quase à pinha e deram um bom concerto, como seria de esperar. Depois de pensar nisso recentemente, cheguei à conclusão que eles são a minha banda preferida de hardcore, já que celebro (quase) toda a discografia e fases deles. Para mim são a banda mais genuína e que mais fiel continua às raízes. São a banda de hardcore mais antiga que ainda toca e isso é alguma coisa. Infelizmente tocaram muitas músicas novas para apresentar o novo disco e eu entendo que assim seja, já que a renda não se paga sozinha. Não tive hipótese de ouvir o disco antes do concerto por isso sequei um bocado durante as músicas que não conhecia. O estilo está mais na onda do Liberty And Justice For All... e não desgostei de todo. Tenho que arranjar o novo.
Tocaram também muitos clássicos que claramente me fizeram trazer o headbang cá para fora. Bons discursos, anedotas, Vinnie Stigma, boa disposição, stage dives e uma completa falta de pretensiosismo que faz com que eles sejam uma banda tão respeitada como são. Aquilo que se vê no palco é aquilo que eles são, e eu não o quereria de mais nenhuma maneira.

7 de agosto de 2011

Terror + Death By Stereo @ The Underworld (Londres)

Mais um dia, mais um concerto. Não sei quantas vezes já vi Terror (algumas...) e apesar de nunca ter prestado grande atenção a nada do que tenha saído a seguir ao One With The Underdogs vejo-os sempre que tenho hipótese. Desta feita fui com o Rui e o Ema até ao Underworld fazer proveito de uma recorrente entrada de borla. Antes do concerto pegámos uma bela refeição em Camden (nos mercados) que consistiu de tailandês e indiano. Not bad.

Quando chegámos à sala, já ligeiramente propositadamente atrasados, ia começar a tocar Death By Stereo. Digo propositadamente porque nenhum de nós estava com vontade de ver as bandas de abertura, incluindo Death By Stereo. Eu sou possuidor de uma condição que me deixa alérgico a bandas de abertura, há quem diga que é velhice (lol) mas eu sei que não é, a sério. Acho que sofro do síndrome de alergia a mais do mesmo. Enfim... Death By Stereo foi terrível, creio que nunca tinha ouvido a banda por achar que era uma cena melódica que não ia curtir e não estava enganado. É capaz de ser fixe para quem curta mas é uma seca brutal ao vivo e o vocalista (que estava bezano e fez questão de sublinhar isso 10 vezes durante o concerto) não ajudou. Havia literalmente cinco ou seis pessoas a curtir, de resto... de resto nada.

Felizmente antes de Terror começar a sala já estava mais cheia e o concerto prometia. Tocaram bué (BUÉ!) músicas antigas (para deleite do Ema, que se mandou logo para o mosh pit louco) e por um lado até foi fixe que o Scott Vogel tivesse meio mamado da voz, que assim não se esticou muito nos discursos chatos sobre hardcore, união e mais o raio que o parta. Só isso? Nop, entretanto um marmelo sobe ao palco e diz qualquer cena burra ao microfone. O Scott manda-o dar uma volta e ele é empurrado para fora do palco. Uma vez cá em baixo continua a espingardar com ele, sem receber uma reacção de volta. Depois disso, durante algumas músicas, começa a distribuir fruta no meio do pit até que, perto do fim do concerto, finalmente leva umas solhas cá mais atrás, perto de onde estava. Os amigos defenderam-no na altura mas deixaram-no ir de braços abertos para o meio do pit como quem diz "quem é o primeiro?!". Claro que "o primeiro" foram praí uns 8 e o miúdo levou um enchimento (mais que merecido) e bem à antiga até que o segurança o veio buscar. O Scott, já cansadito, aproveitou a deixa para fazer um discurso bonito e acabou o concerto por aí. Eu acho que se ele tivesse voz o concerto não tinha acabado ali, mas hey, não foi por isso que deixei de curtir.

15 de maio de 2011

Atari Teenage Riot @ Islington Academy

Cerca de um ano volvido os Atari Teenage Riot voltam a Londres para abanar mais umas cabeças e apresentar um disco novo. Óptimo, penso eu. Se há banda que recebe atenção da minha parte, são eles. Volta e meia ponho a tocar a discografia e nem dou pelo tempo a passar.

Foi assim com alguma excitação que saí directo do trabalho para Islington, que ainda fica a cerca de 35/40 minutos de metro de Hammersmith. Lá chegado, passei um olho rápido nas horas de palco e fui calmamente jantar lá perto. Os Atari Teenage Riot não subiam ao palco antes das 21:30 e ainda que tivesse interesse em ver os Kap Bambino (por curiosidade) não era algo de que fizesse assim grande questão. Aproveitei então para jantar e adiantar um pouco o livro que estava a ler na altura. Por volta das 20:00 dirigi-me à sala, onde levantei o meu bilhete e entrei. A banca de merch não tinha a maior variedade do mundo mas pensei para mim que antes de sair voltaria a passar por lá para comprar uma t-shirt e um poster.

Arranjei um lugar fixe, bem à frente e encostei-me à parede enquanto esperava que começasse o set dos Kap Bambino. Fiquei mais ou menos no mesmo sítio onde tinha ficado quando lá fui ver a banda nova do Jello Biafra. A Islington Academy é muito provavelmente uma das minhas salas preferidas em Londres. É super-confortável e tem um som brutal. O palco não é muito alto e com 500 pessoas a sala está quase completamente cheia. Os Kap Bambino começaram a tocar para um público interessado e que se ia mexendo esporadicamente. O grupo é composto por um DJ e uma vocalista que se abana toda. O som é electro com mais qualquer coisa barulhenta à mistura. Não desgostei, mas não creio que me apanhe a ouvi-los em casa.

Depois de mais uma curta espera, subiram ao palco os Atari Teenage Riot. A sala estava já bem composta e o único espaço livre que havia era no fundo da sala, junto à entrada. O público, muito como da última vez que os vi, consistia de uma mistura de punks, metaleiros, ravers, góticos (!) e 'normais'. Desde o puto de 17 anos ao cota de 40. Note-se que este concerto era o oficial do lançamento do novo disco e como tal não estranhei que as primeiras 4 ou 5 músicas que tocaram fossem novas. O público mostrou-se receptivo, mesmo não conhecendo ainda as músicas. Eu já tinha ouvido um par de vezes o stream do novo disco no site da NME e conhecia-as mais ou menos, nada de profundo. Depois disso foram rolando temas antigos ocasionalmente tocando um ou outro novo. Ainda que não tenha contado, estou em crer que tenham tocado o disco novo na sua compleição.

A meio do concerto houve um indivíduo que caiu desamparado mesmo atrás de mim e que foi prontamento socorrido por um enfermeiro. Algo a ver com o joelho, não deu para perceber bem. Uma coisa que gostei de ver foi os seguranças a passarem (literalmente) copos de água às pessoas que estavam nas filas da frente. Não sei se foi requisito da banda ou não mas foi fixe de ver. Houve também tempo para um encore que, de novo, misturou músicas antigas com novas. No fim as caras espelhavam um pouco quão bom tinha sido o concerto, muito como há um ano atrás. Embora eu tenha preferido o concerto do Electric Ballroom por ter sido mais intenso, cru e inesperado, este não lhe ficou atrás. A principal razão para esta diferença passa muito pelas músicas novas que, ainda que continuem a ter o carimbo de qualidade dos Atari Teenage Riot, são mais compostas e em certos casos menos urgentes, dando outra dinâmica ao concerto. Tirando isso, nada a apontar. Continua a ser uma banda difícil de igualar ao vivo e se cá voltarem, eu lá estarei. Start the riot, now!!

Bring Me The Horizon @ Brixton Academy


Num fim-de-semana, como qualquer outro, tive amigos de Lisboa a ficar cá em casa para aproveitar uns dias fora de Portugal e ir a um concerto. Desta feita o concerto era dos Bring Me The Horizon com três bandas de abertura. Tocando eles um estilo de música que me diz muito pouco, nem sequer coloquei a hipótese de ir ao concerto. Limitei-me a dizer que era na boa ficarem cá em casa e por aí ficou.

Eventualmente, devido à desistência de alguém (que não cheguei a perceber quem era), havia um bilhete a mais e ninguém para ficar com ele. Depois de alguma insistência rendi-me à ideia de ir ao concerto, já que ia passar o dia com eles a passear por Londres, acho que não teria nada a perder em ir. Música pesada há-de ser sempre música pesada e se der para fazer headbang, eu sinto-me vivo.

Depois de um belíssimo dia solarengo a passear por Londres, que incluiu alguns devaneios na Hamley's e uma passagem breve pela loja da marca de roupa do vocalista de Bring Me The Horizon (inaugurada nesse dia e que tinha uma fila de cerca de 100 pessoas miúdos com acne para entrar), fomos para a sala a calcular chegar lá cerca de uma hora antes da abertura das portas. A minha experiência dizia que a fila ia ser grande, o que não esperava era que desse uma volta completa ao quarteirão. Nunca tinha visto nada assim. Lá nos encostámos na fila à espera do resto do pessoal que vinha ao concerto connosco.


Quando chegaram, não muito tempo depois, eu e o João fomos até um pub lá perto ver a segunda parte do jogo do Chelsea com o Tottenham Hotspur. Se o Tottenham ganhasse o jogo o Chelsea iria ter muitas dificuldades em apanhar o United na corrida pelo título por isso era um jogo com algum interesse. O pub era típico de bairro e cheio de bairristas. Curiosamente não se podia falar ao telémovel lá dentro e era obrigatório consumir uma bebida por cada parte do jogo. Nunca tinha visto nada assim e sempre que tiver na área com hipótese de o fazer, evitarei lá entrar. Quando lá chegámos o resultado era 1-1 e embora os Spurs fossem puxando devagarinho, o Chelsea era quem estava a dominar o jogo. Perto do fim do jogo voltámos para a fila, que já passava da hora da abertura das portas. Quando chegámos eles já estavam quase a entrar (e fulos connosco por termos desaparecido) mas correu tudo bem e entrámos em menos de 10 minutos. O jogo acabou 2-1 com vitória para o Chelsea, golo marcado pouco depois de termos saído do pub.

Aparentemente a Brixton Academy é uma gum-free venue e tive que deitar fora tanto a pastilha que estava a mascar, como o resto do pacote, que tinha no bolso. O que vale é que só tinha mais duas. Quando entrámos os Devil Wears Prada já estavam a tocar há algum tempo e só deu mesmo para ver 2 ou 3 músicas. Sinceramente, não é horrível mas também não é nada de especial. Sempre que oiço bandas deste género fico com uma ligeira sensação de deja-vu em relação aos riffs.

Seguidamente tocaram os Architects, que para mim soaram nada mais, nada menos que a mais do mesmo. A minha teoria de que este tipo de banda representa para os miúdos 'mainstream alternativos' de hoje o mesmo que o nu-metal representou para a minha geração há 12 ou 13 anos atrás vai-se consolidando com o tempo. Se fizessem um top das pessoas mais velhas na sala, que devia ter capacidade para alguns milhares de pessoas e estava cheia, eu não devia estar longe dos mais velhos. Isto, claro, se não contarmos com os inúmeros pais que foram acompanhar os filhos (e havia alguns...!). Os Parkway Drive vieram a seguir e a surpresa não foi muita, se me fizessem um Pepsi Challenge entre as 4 bandas acho que ia falhar redondamente. Mais riffs pesados, mais partes melódicas. Há que lhes dar crédito pela presença em palco, que era de facto alguma coisa.

Depois deles fomos dar uma volta pela sala para ver o que se passava e acabámos ao pé de uma máquina que tivarava fotos e as mostrava numa parede com ecrãs para esse feito. As fotos poderiam mais tarde ser conferidas na página da Brixton Academy no Facebook. 


Por fim, subiram ao palco os Bring Me The Horizon. Apesar de já ter ouvido falar muito deles nunca os tinha ouvido sem ser por acaso. O concerto foi bom, ainda que o que eles toquem esteja longe de ser um estilo de que goste. Todo o espectáculo é reminiscente de um Mini-Chuva de Estrelas, a começar nos miúdos em cima do palco e a acabar na audiência que os tenta emular a todo o custo. Ainda assim há que lhes dar mérito por um concerto bem estruturado e um espectáculo bem conseguido onde houve espaço para bolas insufláveis gigantes que faziam as delícias da audiência e um BMTH luminoso que apareceu perto do fim do concerto por trás da banda. Depois deste concerto não tenho dúvidas que no campeonato deles, os Bring Me The Horizon sejam campeões.

A noite acabou mais tarde num Subway ao pé de Tottenham Court Road e depois de uma pequena paragem aqui em Hammersmith eles seguiram para o aeroporto onde apanhariam uma voo madrugador de volta para Lisboa. Good times!

18 de julho de 2010

Sworn Enemy @ The Underworld

Sem grandes planos para uma sexta-feira à noite e aproveitando o facto de não pagar para lá entrar, decidi ir até ao Underworld ver os Sworn Enemy. Já tive oportunidade de os ver algumas vezes e, ao contrário de muitas bandas, vê-los aos vivo não me consegue aborrecer. A primeira vez que os vi foi em tour com For The Glory, quando as duas bandas tocaram juntas em Zurique, na Suiça. Para além de serem boa gente, tocaram um bom set e desde aí que tenho tido vontade de os ver de novo.

Saí de casa com algum atraso porque não tinha grande interesse em ver as bandas de abertura e cheguei lá meia hora antes de eles subirem ao palco. Ainda vi algumas músicas da banda que tocou antes deles, e da qual não me lembro do nome. A última música que tocaram foi uma cover (bem intencionada mas ligeiramente mal executada) da Officer Down de Stampin' Ground, uma banda que eu ouvia há muitas luas atrás mas que hoje em dia me diz muito pouco. Essa música era a primeira e melhor do CD que eu tinha deles e como tal foi engraçado voltar a ouvi-la.

Tendo visto Sworn Enemy no Hellfest, algumas semanas antes, já sabia o que esperar do set. Infelizmente a sala estava relativamente vazia e não seriam mais de dez as almas que se iam movendo pelo pit. A banda manteve sempre a postura e não se deixou acanhar por esse facto. As minhas músicas preferidas continuam a ser as mais antigas, já que estas novas, ainda que perfeitamente audíveis soam demasiado ao que eu chamaria de slayercore. Não que isso seja mau, mas é algo que me passa ligeiramente ao lado de pouco original que é.

Passou-se bem a noite. Como disse, Sworn Enemy é uma banda que não me aborrece ao vivo. As músicas são consistentes e eles dão um bom espectáculo. Só foi pena que estivesse tão pouca gente.

14 de maio de 2010

Atari Teenage Riot @ The Electric Ballroom

Devia ser 1998 quando eu, ironicamente, troquei um CD original dos Sick Of It All por dois copiados dos Atari Teenage Riot com um miúdo da minha turma chamado Pedro. Curiosamente, volvido um ano acabei por lhe comprar o disco de Sick Of It All de volta. Os discos dos ATR eram os dois primeiros e desde a primeira vez que os ouvi que adorei toda a imagem à volta da banda. Hardcore digital, dizem eles. É uma mistura electrónica entre drum'n'bass e gabba com uma pitada de breakcore e uma mensagem política extrema. Apesar da banda ter cessado actividade em 2001, decidiram agora voltar para um segundo round, ainda que não fosse com o alinhamento original. Doze anos depois ia finalmente ter oportunidade de os ver e não cabia em mim de contente.

Findo mais um dia de trabalho lá fui até Camden, dei um pulo à sala para ver a running order e depois de ver que os ATR só tocavam às 9:30 decidi ir até ao mercado comer qualquer coisa. Apetecia-me comer comida indiana e fiquei relativamente triste quando lá cheguei (ainda não eram 8 horas) e vi que estava tudo fechado. Não percebi, não é uma situação normal. Bom, desolado acabei por me contentar com uma caixa de comida chinesa que me soube bem e deixou preparado para o que aí vinha.

Segui para a sala e procurei um bom lugar, fiquei a cerca de dez metros do palco, do lado esquerdo. Depois de uma curta espera subiram ao palco os Ulterior, até então meus desconhecidos. Dizer que a banda é má é ofender as já muitas bandas más que por aí andam. Eu estou longe de ser fã da onda gótica electrónica que era popular nos anos 80 mas isto é demais, até para mim. Som nada de especial e um vocalista forçadamente arrogante e demasiadamente gay. Ao fim de três músicas pus-me a jogar Solitaire no iPod e esperei que acabassem. Mau.

A espera que se seguiu não foi tão curta mas valeu a pena. A sala, que por esta altura já estava completamente cheia, escureceu e depois de alguns minutos os ATR subiram ao palco para destruir tudo o que mexesse. Confesso que estava convencido que ia ver um 'concerto' mas estava enganado, fui parar a uma rave. É difícil descrever um concerto deles, mas deve ser algo como cerca de 800 pessoas que não querem muito saber da sociedade e que não vivem pelos moldes que ela impõe, expostas a uma parede de som (o volume estava tão alto que não usar tampões nos ouvidos provavelmente significaria surdez) com mensagens de oposição a serem gritadas por cima. É caótico, e lindo ao mesmo tempo. Eles tocaram quase duas horas e o público manteve-se incansável do início ao fim, sendo por vezes o pit tão longo como a largura da sala. Tocaram imensas músicas dos dois primeiros discos e algumas do terceiro. Houve tempo para um encore e para um momento algo adonístico de Alec Empire antes do mesmo. No fim, ele disse que sempre sentiu que devia um concerto a Londres (devido a algo que aconteceu no anterior, em 1999) e que este tinha sido esse concerto. Eu tenho que concordar com ele, nunca tinha visto nada assim e espero um dia poder voltar a ver.

6 de maio de 2010

Bolt Thrower - The Next Offensive Tour 2010


Comecei a ouvir Bolt Thrower há já muitos anos, quando descobri que a ultima música (e eventualmente minha preferida) do disco de uma outra banda era na verdade cover de uma música deles. Foi uma daquelas descobertas por acidente que, ainda que seja raro acontecerem, sabem sempre bem. Sendo eles uma banda não muito regular no que toca a tocar ao vivo, tive que esperar cerca de 8 ou 9 anos para os poder ver, e estava relativamente excitado com a ideia pois eles são, sem dúvida, das bandas mais brutais que eu já ouvi em disco. Um claro caso de 'ou se ama ou se odeia' mas brutal, nonetheless. Formados em 1986 e activos desde então, não é de espantar que quando toquem tal seja considerado um evento digno de nota na agenda.

Encontrei-me com o Nuno num sábado chuvoso na estação de Russell Square, ele voou de propósito para o show e sendo ambos já longos fãs da banda, a excitação era alguma. Andámos uns 5 minutos a pé até à sala debaixo de uma chuva leve e entrámos para ver como estava o ambiente. A sala, de si brutal, estava já relativamente cheia. Demos uma volta e depois de ver a running order para a noite decidimos ir jantar, acabando num McDonalds lá perto. Depois de comer e pôr a conversa em dia, que ainda era muito cedo, voltámos para a sala.

O concerto tinha demasiadas bandas e como a nós só interessava mesmo ver Bolt Thrower não estávamos com grandes pressas. Lá chegados ainda vimos grande parte do set de Rotting Christ, que apresentam um black metal melódico, que ainda que seja bem tocado e tenha levado muito do público ao delírio, não fez muito por mim. Black metal não é o meu forte e se for misturado com melodia muito menos. Ficámos cá atrás a controlar as t-shirts que iam passando por nós, algumas de bandas bem boas. A sala devia estar perto da sua lotação máxima, de mil pessoas. Não havia espaço para mexer e sentia-se no ar que toda a gente esperava ansiosamente pelo mesmo. Não fiquei portanto espantado quando dei conta, depois do set de Rotting Christ, que grande parte dos tamanhos das t-shirts de Bolt Thrower (que eles vendem a £10 por uma estampa dupla em full colour, mais barato que qualquer uma das outras bandas... mais DIY é impossível) já tinham esgotado e muitas delas tinham sido vestidas pelos fãs que as compraram, fazendo assim a maioria das t-shirts que se viam pela sala. Note-se que os Bolt Thrower não vendem merchandise em mais lado nenhum sem ser nos próprios concertos, algo que diz muito sobre o que está por trás da banda em termos de ética.

Seguidamente subiram ao palco os Benediction, praticantes de um death metal à antiga. O público delirou e eu confesso que não desgostei do set deles mas não sendo conhecedor de nenhum disco não me alongo mais. Quando o momento esperado chegou, a sala estava completamente cheia e notava-se perfeitamente o que é que grande parte daquelas pessoas estava ali a fazer num sábado chuvoso como aquele. Mal começou a soar uma introdução épica nas colunas, o barulho por parte do público fez-se sentir como forma de saudação à banda. A presença em palco aliada ao bom som tornou este concerto num dos melhores que já tive oportunidade de ver.

Muito se pode dizer sobre o facto de eles terem uma baixista (desde a formação original), sobre o guitarrista ter usado uma t-shirt de Discharge, sobre serem os próprios músicos a chutarem para fora do palco aqueles metaleiros chatos que para lá sobem e até sobre a interacção do vocalista com o público que é, usando apenas uma palavra, natural. O set foi longo e bem dividido, com um encore de duas músicas que, de novo, levou o público ao rubro. No geral, basta dizer que eles são um acto de classe, uma banda como não há muitas e uma banda onde no palco existe apenas entrega e muito pouca pose. Já vi muitas bandas ao vivo mas esta foi certamente uma pela qual valeu a pena esperar tantos anos, e tenho a t-shirt para o comprovar.

Ricky Gervais - Science


Foi numa agradável tarde de quarta-feira que me desloquei até à Wembley Arena para ver aquele que considero o meu humorista preferido da actualidade. Sendo fã de quase tudo o que Ricky Gervais fez até hoje, principalmente da série The Office, sabia ao que ia e não contava sair de lá com menos que um par de barrigadas de riso.

Programado para começar as 7, cheguei lá com cerca de 20 minutos de antecedência e ainda tive tempo de comprar uma garrafa de água e ler um pouco antes do espectáculo começar. Pelas 7 horas, a voz de Ricky soou nas colunas para nos apresentar o support act, que iria entrar em palco de seguida. Era um canadiano cujo nome não me recordo e que baseou a sua prestação numa sucessão de chalaças e trocas de palavras que por vezes conseguiram ter piada. Apesar de achar piada a jogos de palavras, não acho tanta piada quando são disparados contra nós sem seguir nenhuma lógica ou enredo aparentes. Prefiro humor que seja um bocadinho mais pensado que isso, no entanto, ele conseguiu fazer-me a mim e à audiência rir por várias vezes, muita delas devido ao arrojo daquilo que dizia.

Depois de alguma espera e uma introdução projectada nos ecrãs da Arena, Ricky Gervais subiu ao palco. Tendo já visto (várias vezes) os outros três stand-up shows dele, esperava algo grande deste quarto. O cenário era, não supreendentemente, baseado num laboratório digno de um Frankenstein cheio de maquinaria estranha e luminosa e o set foi regular com bastantes pontos altos e diversos temas abordados. Nota especial para o bloco sobre a Arca de Noé que deixou a audiência a rebolar de riso. É arrebatadora a abordagem de Ricky Gervais em relação a temas polémicos como a religião, política ou mesmo a importância da imagem das pessoas na sociedade. É bom ver um espectáculo assim, onde existe uma grande entrega por parte do artista. Curiosamente, e como ele partilhou no fim, todo o set teve pouco a ver com ciência ainda que desse para a encontrar entrelinhas. Ninguém se pareceu preocupar muito com isso, pelo contrário.

Ainda que não estivesse completamente cheio (este era o terceiro show de três) pouco faltava para tal, note-se que a Wembley Arena tem capacidade para alguns milhares de pessoas. No geral, passou-se um óptimo serão e resta agora esperar por Novembro pelo lançamento do espectáculo em DVD!

28 de abril de 2010

Dying Fetus - Trash And Burn Tour 2010


Ah, nada como sair do trabalho às 8 e ir directo para o Underworld para ver aquela que é uma das melhores e mais interessantes bandas de death metal da actualidade. Sabia que o cartaz desta tour era algo extenso e como mais nenhuma banda me interessava optei por ir propositadamente de autocarro, chegando a Camden por volta das 9 horas da noite. Depois de trincar um pastel de cheese & onion e saborear um sumo de laranja natural do Sainsbury's lá entrei sem grandes pressas. Tenho a sorte de ter um contacto na sala e não ter que pagar para entrar, o que me permite dar a este tipo de luxos (e também poupar uns trocos, diga-se!).

Quando entrei estava a tocar uma banda, que vim a descobrir depois, se chama Origin. Ainda os vi tocar três músicas e não fiquei de todo convencido, como é costume comigo. Tocavam rápido e técnico e o vocalista era engraçado nas expressões e no que dizia entre músicas. O público respondia e sentia-se o calor na sala, que estava relativamente cheia. Algo engraçado nos concertos de Dying Fetus (já os vi umas poucas vezes) é a quantidade pequena de punks, esquisitos e brancos com rastas que atraem. Não sei se é por terem letras políticas ou por já terem sido um banda gore mas não deixa de ser engraçado. Também se vêem poucos metaleiros da velha escola, ao contrário dum concerto de Nile, por exemplo.

Felizmente, e dado que a minha paciência para bandas que não conheço é reduzida, os Dying Fetus iam tocar logo a seguir. Coloquei-me num ponto estratégico e esperei. O trio subiu ao palco para uma sala a meio gás que foi enchendo ao longo das duas primeiras músicas. Como já os tinha visto anteriormente, sabia ao que vinha, e não fiquei nada desapontado. Tocaram músicas de todos os álbuns e receberam uma boa resposta do público, que ia dando movimento à pista de dança. Ao vivo, os Dying Fetus são um autêntico poderio técnico que deixa água na boca de qualquer apreciador do género. Foi um bom serão, como sempre é onde haja metaleiros estranhos a fazer coisas estranhas.

16 de abril de 2010

Dick Dale - Europe Concert Tour 2010

Foi através da banda sonora de um dos meus filmes preferidos (se não o preferido) que fui apresentado, não só ao Dick Dale, mas também ao movimento surf rock. Isto aconteceu há um já considerável número de anos e daí para cá tornei-me num afincado apreciador e conhecedor do género e principalmente de Dick Dale, foi então com alguma alegria que soube que ele viria tocar a Londres e não perdi tempo a comprar bilhetes para o que viria a ser uma noite esgotada no Luminaire.

A sala é pequena mas muito confortável, super-adequada à ocasião. Fui com o Ángel, o meu flatmate espanhol, que já tinha visto o Dick Dale há uns anos atrás e, tal como eu, é fã dele e da música dele. Éramos provavelmente das pessoas mais novas na sala, algo que não estranhamos tendo em conta que o Dick Dale tem 72 anos e obviamente atrai fãs de todas as idades. Inventor do estilo surf rock e guitarrista excepcional é de louvar que ainda faça tours com esta idade.

Para abrir o concerto tocou uma banda de Filadélfia chamada Stinking Lizaveta que me agradou e entreteu durante as três primeiras músicas, caindo depois na rotina do mais-do-mesmo. Aos meus ouvidos, o som deles soou a uma mistura leviana entre os riffs demoníacos dos (inícios dos) Black Sabbath com uma sonoridade mais funk, algo difícil de descrever. As músicas eram maioritariamente instrumentais e foi a entrega do grupo que as tornou de certa forma especiais. Sendo um trio algo invulgar, com uma 'miúda' já de seus 30 e tal anos na bateria, conseguiram captivar a atenção do público presente durante o set que tocaram e levaram uma merecida salva de palmas no final da última música.

Depois de alguma espera, subiram ao palco o baterista e baixista que iriam fazer o suporte a Dick Dale. Soube mais tarde, através do mesmo, que ambos tinham tocado nos Agent Orange, uma antiga banda punk/hardcore da Califórnia. Curioso! A entrada em palco foi soberba, com o som da guitarra a invadir os amplicadores segundos antes dele entrar em palco para uma valente salva de palmas.
O set foi recheado com quase todos os clássicos e várias versões de músicas populares americanas. Fomos então levados pelo mundo de Johnny Cash, Louis Armstrong e numa visita à House of the Rising Sun. Dick Dale é, para além de um excelente músico um óptimo entertainer, e muitas vezes parava o concerto para contar histórias ou episódios relevantes ao que estava a acontecer. Houve também tempo para harmónica, trompete e uma inédita forma de tocar baixo com um par de baquetas. Um artista como os artistas eram antes da geração de plástico em que vivemos ter tomado conta do showbiz.

Para terminar o concerto, Dick Dale, que já bateu por duas vezes o cancro, disse que a cura para o mesmo é o público que o apoia e sempre apoiou ao longo dos anos. Eu sei que há discursos semelhantes e que de tanto repetidos acabam por soar a vazio mas este não foi certamente o caso. Mais que um artista, Dick Dale é um senhor. Obrigado por uma óptima noite, now let's go trippin'!

6 de fevereiro de 2010

Henry Rollins - Frequent Flyer Tour


Fui dia 15 de Janeiro até ao Royal Festival Hall ver o meu querido e muito respeitado Henry Rollins. Sendo um já longo fã dele, das ideias dele e das bandas dele não podia caber em mim de contente por finalmente ter esta oportunidade. Em 2008, quando ele veio cá, ainda eu era um fresco estreante nesta grande cidade e não tive hipótese de o ir ver por motivos financeiros (tempos difíceis esses).

Eu diria que o auditório do Southbank Centre deve ter capacidade para cerca de 1000 pessoas sentadas e não minto ao dizer que estava a rebentar pelas costuras. Acho engraçadíssimo que pessoas que não tenham o mesmo background que eu, e outros miúdos do hardcore, se interessem pelo Henry Rollins. Até pais com filhos lá havia! Não contava encontrar ninguém conhecido mas mal lá cheguei e me sentei no meu lugar avistei a Rachel e o Frank com quem tive uma agradável conversa até o espectáculo começar.

Desta feita, e como o nome da tour indica, o Henry focou-se em falar das últimas viagens que fez, maioritariamente pelo Médio Oriente e Índia. Contou dezenas de histórias naquele jeito que só ele tem. Falou das eleições na América e o quão continua a odiar o país e a forma como funciona. Embrenhei-me principalmente no relato da experiência que ele viveu na Arábia Saudita, passeando com princípes e visitado palácios e o contraste com as viagens ao Sri Lanka e à India, onde a pobreza reina e nada é particularmente fácil. Inspira-me de certo modo esta vontade constante que ele tem de sair e ir ver com os próprios olhos tudo o que seja diferente e/ou arriscado. Sorri de soslaio quando ele falou de Black Flag, de estar com o Ian e de ter ido ver há pouco tempo um concerto de Bad Brains. Apontei no bloco de notas mental que tenho que arranjar a série Sons Of Anarchy urgentemente, onde ele faz de guarda apoiante de extrema direita.

No fundo, e depois de 2 horas e 45 minutos de discurso sem paragens, não pude deixar de reforçar a ideia de que ele é claramente uma figura de respeito para mim. Daquelas pessoas que ouvimos com atenção, pensamos no que dizem e até certo ponto pensamos como gostávamos de fazer igual. Inspirador, como sempre.