14 de maio de 2010

Atari Teenage Riot @ The Electric Ballroom

Devia ser 1998 quando eu, ironicamente, troquei um CD original dos Sick Of It All por dois copiados dos Atari Teenage Riot com um miúdo da minha turma chamado Pedro. Curiosamente, volvido um ano acabei por lhe comprar o disco de Sick Of It All de volta. Os discos dos ATR eram os dois primeiros e desde a primeira vez que os ouvi que adorei toda a imagem à volta da banda. Hardcore digital, dizem eles. É uma mistura electrónica entre drum'n'bass e gabba com uma pitada de breakcore e uma mensagem política extrema. Apesar da banda ter cessado actividade em 2001, decidiram agora voltar para um segundo round, ainda que não fosse com o alinhamento original. Doze anos depois ia finalmente ter oportunidade de os ver e não cabia em mim de contente.

Findo mais um dia de trabalho lá fui até Camden, dei um pulo à sala para ver a running order e depois de ver que os ATR só tocavam às 9:30 decidi ir até ao mercado comer qualquer coisa. Apetecia-me comer comida indiana e fiquei relativamente triste quando lá cheguei (ainda não eram 8 horas) e vi que estava tudo fechado. Não percebi, não é uma situação normal. Bom, desolado acabei por me contentar com uma caixa de comida chinesa que me soube bem e deixou preparado para o que aí vinha.

Segui para a sala e procurei um bom lugar, fiquei a cerca de dez metros do palco, do lado esquerdo. Depois de uma curta espera subiram ao palco os Ulterior, até então meus desconhecidos. Dizer que a banda é má é ofender as já muitas bandas más que por aí andam. Eu estou longe de ser fã da onda gótica electrónica que era popular nos anos 80 mas isto é demais, até para mim. Som nada de especial e um vocalista forçadamente arrogante e demasiadamente gay. Ao fim de três músicas pus-me a jogar Solitaire no iPod e esperei que acabassem. Mau.

A espera que se seguiu não foi tão curta mas valeu a pena. A sala, que por esta altura já estava completamente cheia, escureceu e depois de alguns minutos os ATR subiram ao palco para destruir tudo o que mexesse. Confesso que estava convencido que ia ver um 'concerto' mas estava enganado, fui parar a uma rave. É difícil descrever um concerto deles, mas deve ser algo como cerca de 800 pessoas que não querem muito saber da sociedade e que não vivem pelos moldes que ela impõe, expostas a uma parede de som (o volume estava tão alto que não usar tampões nos ouvidos provavelmente significaria surdez) com mensagens de oposição a serem gritadas por cima. É caótico, e lindo ao mesmo tempo. Eles tocaram quase duas horas e o público manteve-se incansável do início ao fim, sendo por vezes o pit tão longo como a largura da sala. Tocaram imensas músicas dos dois primeiros discos e algumas do terceiro. Houve tempo para um encore e para um momento algo adonístico de Alec Empire antes do mesmo. No fim, ele disse que sempre sentiu que devia um concerto a Londres (devido a algo que aconteceu no anterior, em 1999) e que este tinha sido esse concerto. Eu tenho que concordar com ele, nunca tinha visto nada assim e espero um dia poder voltar a ver.

2 comentários:

jmnpm disse...

Não foi violento demais? ;)

André disse...

hehe, foi! no fim ia adicionar "para a proxima a ver se é com o joao" mas achei que nao se enquadraria. fica melhor aqui. enquanto escrevia tambem pensei se ainda gostarias de ATR?