16 de abril de 2010

Dick Dale - Europe Concert Tour 2010

Foi através da banda sonora de um dos meus filmes preferidos (se não o preferido) que fui apresentado, não só ao Dick Dale, mas também ao movimento surf rock. Isto aconteceu há um já considerável número de anos e daí para cá tornei-me num afincado apreciador e conhecedor do género e principalmente de Dick Dale, foi então com alguma alegria que soube que ele viria tocar a Londres e não perdi tempo a comprar bilhetes para o que viria a ser uma noite esgotada no Luminaire.

A sala é pequena mas muito confortável, super-adequada à ocasião. Fui com o Ángel, o meu flatmate espanhol, que já tinha visto o Dick Dale há uns anos atrás e, tal como eu, é fã dele e da música dele. Éramos provavelmente das pessoas mais novas na sala, algo que não estranhamos tendo em conta que o Dick Dale tem 72 anos e obviamente atrai fãs de todas as idades. Inventor do estilo surf rock e guitarrista excepcional é de louvar que ainda faça tours com esta idade.

Para abrir o concerto tocou uma banda de Filadélfia chamada Stinking Lizaveta que me agradou e entreteu durante as três primeiras músicas, caindo depois na rotina do mais-do-mesmo. Aos meus ouvidos, o som deles soou a uma mistura leviana entre os riffs demoníacos dos (inícios dos) Black Sabbath com uma sonoridade mais funk, algo difícil de descrever. As músicas eram maioritariamente instrumentais e foi a entrega do grupo que as tornou de certa forma especiais. Sendo um trio algo invulgar, com uma 'miúda' já de seus 30 e tal anos na bateria, conseguiram captivar a atenção do público presente durante o set que tocaram e levaram uma merecida salva de palmas no final da última música.

Depois de alguma espera, subiram ao palco o baterista e baixista que iriam fazer o suporte a Dick Dale. Soube mais tarde, através do mesmo, que ambos tinham tocado nos Agent Orange, uma antiga banda punk/hardcore da Califórnia. Curioso! A entrada em palco foi soberba, com o som da guitarra a invadir os amplicadores segundos antes dele entrar em palco para uma valente salva de palmas.
O set foi recheado com quase todos os clássicos e várias versões de músicas populares americanas. Fomos então levados pelo mundo de Johnny Cash, Louis Armstrong e numa visita à House of the Rising Sun. Dick Dale é, para além de um excelente músico um óptimo entertainer, e muitas vezes parava o concerto para contar histórias ou episódios relevantes ao que estava a acontecer. Houve também tempo para harmónica, trompete e uma inédita forma de tocar baixo com um par de baquetas. Um artista como os artistas eram antes da geração de plástico em que vivemos ter tomado conta do showbiz.

Para terminar o concerto, Dick Dale, que já bateu por duas vezes o cancro, disse que a cura para o mesmo é o público que o apoia e sempre apoiou ao longo dos anos. Eu sei que há discursos semelhantes e que de tanto repetidos acabam por soar a vazio mas este não foi certamente o caso. Mais que um artista, Dick Dale é um senhor. Obrigado por uma óptima noite, now let's go trippin'!

1 comentário:

Vanessa disse...
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