16 de abril de 2010

Manchester United - FC Bayern München


Sendo a atribuição de bilhetes aos sócios feita através de sorteio, é relativamente complicado conseguir bilhetes para ver jogos em Old Trafford. Quanto mais relevância tiver o jogo, mais complicado é conseguir bilhetes. Foi por isso foi com alguma incredulidade que li o e-mail em que dizia que o meu número de sócio tinha saído no segundo sorteio (dos que acabaram por não ficar com os bilhetes ganhos no primeiro) para o jogo dos quartos de final da Liga dos Campeões contra o Bayern de Munique. Marquei prontamente a viagem de autocarro, que teria partida de Londres na quarta-feira por volta do meio-dia e regresso à meia-noite do mesmo dia. A viagem demora cerca de 5 horas e faz-se relativamente bem na companhia de algum sono e um iPod bem apetrechado.

Saímos de Londres à hora marcada com destino a Manchester, parando num par de cidades mais pequenas na sua periferia e também no aeroporto. Sendo feita maioritariamente pela auto-estrada, a viagem faz-se bem e de todas as vezes que lá fui, tive sorte de ir num autocarro praticamente cheio de adeptos do United, acrescentando à excitação que é ir a Old Trafford. A viagem decorreu sem problemas, parámos numa estação de serviço a meio da viagem onde nos cruzámos com alguns adeptos da equipa bávara que ficaram tanto na deles como nós na nossa. O tempo estava cinzento e a chuva prometia, depois de esticar as pernas decidi voltar para o autocarro que o frio estava-se a revelar algo desagradável. Pouco tempo depois, já de novo na auto-estrada, fomos informados pelo condutor que tinha havido um acidente enorme mais à frente e que íamos ter que ir pela estrada nacional para não ficarmos ali presos. Isto iria revelar-se num atraso de meia hora, que apesar de me ter deixado algo chateado, nem por isso causou grande diferença.

Lá chegado, e já me conseguindo orientar relativamente bem no centro da cidade, fui directo à estação de Piccadilly para comprar os bilhetes que dão acesso ao comboio que faz ligação directa entre a cidade e o estádio em dias de jogo. O preço do bilhete de uma viagem de retorno é £3.50 e não há nada como ver esse mesmo comboio todo 'vestido' de vermelho, antes e depois do jogo. Como ainda faltava algum tempo até sair o primeiro comboio, fui até à praça no centro fazer algum tempo e ver as vistas.

Cheguei ao estádio cerca de uma hora antes do começo do jogo e ainda andei cá fora algum tempo antes de entrar. Infelizmente não tinha tido hipótese de o fazer das outras vezes que lá tinha ido. O estádio é bonito e vive à altura da história e imponência do clube que representa.  Depois de algum tempo a contemplar as vistas decidi entrar, sendo o meu lugar no quadrante norte do estádio e tendo ficado do lado da claque do Bayern, algo que teria dispensado mas que acabou por não ser assim tão mau. Sentia-se alguma confiança no ar do nosso lado, sentia-se que 1999 ia acontecer de novo e que de novo quem ia rir éramos nós. Foi com alguma surpresa, dadas as notícias dos dias anteriores, que vi Rooney subir ao campo para treinar com o resto do 11 inicial. Foi com ainda mais surpresa que ouvi o nome dele ser anunciado como parte desse 11. Temi um pouco pela saúde dele, ainda que este fosse um jogo importante para nós. O estádio foi enchendo e já se ia cantando de bancada em bancada, calando os alemães, que tinham vindo em grande número.


O jogo começou bem, ao fim de 10 minuto já ganhávamos por 2-0 com dois belíssimos golos para Gibson e Nani, sendo o de Nani provavelmente um dos melhores da carreira dele e desta época para o United. As bancadas estavam completamente ao rubro e cantava-se continuamente, melhor atmosfera não podia ser pedida. Estávamos então com uma vantagem de 3-2, tendo em conta o resultado da semana anterior em Munique, em que perdemos 2-1. Era bom, mas não suficiente e embora tivéssemos a jogar do melhor futebol apresentado esta época, seriam precisos mais golos para garantir a passagem com conforto antes de chegar o fim do jogo. O Bayern estava quieto e sem grandes movimentações, fruto talvez do começo abrupto a que tinham sido sujeitos. Foi perto do fim da primeira parte que uma brilhante jogada resultou em mais um brilhante golo de Nani e um erro triste na defesa ofereceu um golo ao Bayern, que complicaria assim a facilidade de que até então tínhamos beneficiado.

Aparte do coxear de Rooney e do golo sofrido, tudo parecia bem encaminhado para a segunda parte e respectiva progressão na Liga dos Campeões. Infelizmente, aos 49 minutos, Rafael viu o seu segundo amarelo e foi expulso. A falta foi infantil e manchou a até então boa prestação que ele tinha feito. O público estava apreensivo, já por várias vezes jogámos com 10 e ganhámos, mas seria o mesmo jogar com 10 com um Rooney a meio-gás? Não demorou muito até que ele fosse substituído, queixoso da lesão que tinha contraído no jogo da primeira-mão e a partir daí não conseguimos voltar a pôr a mudança certa, que nos permitisse tomar controlo do jogo.

Foi uma segunda-parte relativamente fraca (ainda que interessante) e onde não conseguimos domar os alemães. O público cantou sem parar e nem quando o Bayern marcou o segundo golo, que lhes garantiria passagem às meias-finais, parámos. O desalento era visível nas caras de todos os adeptos e na minha cabeça apenas soava o nome do Rafael, que pela terceira vez esta época tinha comprometido a equipa e por um erro tão estupido. O jogo acabou com uma vitória nossa, que não serviu para seguirmos em frente e ditou o fim de mais uma jornada na Liga dos Campeões. A tão esperada final entre o United e o Barcelona afinal não iria acontecer. Os adeptos iam-se dirigindo para as saídas, cabisbaixos, e lá se ouvia um outro lamurio sobre quem seria o culpado. Não surpreendentemente ouvi várias vezes o nome do Rafael.

Tive que esperar meia hora pelo comboio de volta para o centro onde teria que esperar pouco mais de uma hora pelo autocarro de volta para Londres. O autocarro era suposto sair de Manchester à meia-noite mas como havia um considerável número de pessoas a virem directamente para Londres, eles dividiram os autocarros e como resultado disso saímos de lá meia hora mais cedo que o previsto. No autocarro iam só adeptos do United, como já tinha acontecido das outras vezes que tinha ido a Manchester. Chegámos a Londres às 4 e tal da manhã e com sorte consegui apanhar logo o N11 que me deixa mais ou menos à porta de casa. Às 5 horas já estava pronto para ir dormir rumo a mais um dia de trabalho, até uma próxima vez.

1 comentário:

O próprio disse...

Por amor faz-se tudo, nem sempre corre bem é verdade, mas vale sempre a pena :)