6 de maio de 2010
Bolt Thrower - The Next Offensive Tour 2010
Comecei a ouvir Bolt Thrower há já muitos anos, quando descobri que a ultima música (e eventualmente minha preferida) do disco de uma outra banda era na verdade cover de uma música deles. Foi uma daquelas descobertas por acidente que, ainda que seja raro acontecerem, sabem sempre bem. Sendo eles uma banda não muito regular no que toca a tocar ao vivo, tive que esperar cerca de 8 ou 9 anos para os poder ver, e estava relativamente excitado com a ideia pois eles são, sem dúvida, das bandas mais brutais que eu já ouvi em disco. Um claro caso de 'ou se ama ou se odeia' mas brutal, nonetheless. Formados em 1986 e activos desde então, não é de espantar que quando toquem tal seja considerado um evento digno de nota na agenda.
Encontrei-me com o Nuno num sábado chuvoso na estação de Russell Square, ele voou de propósito para o show e sendo ambos já longos fãs da banda, a excitação era alguma. Andámos uns 5 minutos a pé até à sala debaixo de uma chuva leve e entrámos para ver como estava o ambiente. A sala, de si brutal, estava já relativamente cheia. Demos uma volta e depois de ver a running order para a noite decidimos ir jantar, acabando num McDonalds lá perto. Depois de comer e pôr a conversa em dia, que ainda era muito cedo, voltámos para a sala.
O concerto tinha demasiadas bandas e como a nós só interessava mesmo ver Bolt Thrower não estávamos com grandes pressas. Lá chegados ainda vimos grande parte do set de Rotting Christ, que apresentam um black metal melódico, que ainda que seja bem tocado e tenha levado muito do público ao delírio, não fez muito por mim. Black metal não é o meu forte e se for misturado com melodia muito menos. Ficámos cá atrás a controlar as t-shirts que iam passando por nós, algumas de bandas bem boas. A sala devia estar perto da sua lotação máxima, de mil pessoas. Não havia espaço para mexer e sentia-se no ar que toda a gente esperava ansiosamente pelo mesmo. Não fiquei portanto espantado quando dei conta, depois do set de Rotting Christ, que grande parte dos tamanhos das t-shirts de Bolt Thrower (que eles vendem a £10 por uma estampa dupla em full colour, mais barato que qualquer uma das outras bandas... mais DIY é impossível) já tinham esgotado e muitas delas tinham sido vestidas pelos fãs que as compraram, fazendo assim a maioria das t-shirts que se viam pela sala. Note-se que os Bolt Thrower não vendem merchandise em mais lado nenhum sem ser nos próprios concertos, algo que diz muito sobre o que está por trás da banda em termos de ética.
Seguidamente subiram ao palco os Benediction, praticantes de um death metal à antiga. O público delirou e eu confesso que não desgostei do set deles mas não sendo conhecedor de nenhum disco não me alongo mais. Quando o momento esperado chegou, a sala estava completamente cheia e notava-se perfeitamente o que é que grande parte daquelas pessoas estava ali a fazer num sábado chuvoso como aquele. Mal começou a soar uma introdução épica nas colunas, o barulho por parte do público fez-se sentir como forma de saudação à banda. A presença em palco aliada ao bom som tornou este concerto num dos melhores que já tive oportunidade de ver.
Muito se pode dizer sobre o facto de eles terem uma baixista (desde a formação original), sobre o guitarrista ter usado uma t-shirt de Discharge, sobre serem os próprios músicos a chutarem para fora do palco aqueles metaleiros chatos que para lá sobem e até sobre a interacção do vocalista com o público que é, usando apenas uma palavra, natural. O set foi longo e bem dividido, com um encore de duas músicas que, de novo, levou o público ao rubro. No geral, basta dizer que eles são um acto de classe, uma banda como não há muitas e uma banda onde no palco existe apenas entrega e muito pouca pose. Já vi muitas bandas ao vivo mas esta foi certamente uma pela qual valeu a pena esperar tantos anos, e tenho a t-shirt para o comprovar.
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