6 de maio de 2010

Please Kill Me (1997)


Fico sempre de pé atrás quando leio relatos feitos por pessoas que viveram muitos anos antes as situações que descrevem. Se for sabido que grande parte dessas pessoas estavam sob a influência de drogas, ainda pior. Quer dizer, se eu não me lembro de coisas que fiz há 5 anos, vão-se eles lembrar do que vestiram em 1980? Enfim...!

Este livro, comprado em Manchester e sob indicação da Rita, parecia-me interessante demais para deixar ficar na prateleira. Tinha razão. É um livro que nos leva de relato em relato através das origens do punk americano até à sua eventual dissolução. Começa no proto-punk, usualmente identificado com o Iggy Pop e os seus Stooges e os Velvet Underground com a sua irreverência e a evolução daí para os New York Dolls e consequentemente os Ramones, que viriam a marcar o som do rock como sendo punk rock, até que os Sex Pistols, na opinião deles, vieram estragar tudo. O fim do livro coincide também com o fim do punk, após a morte do Sid Vicious e o aparecimento de várias bandas new wave, que populariam a outrora rica cena punk de Nova Iorque.

A forma como os depoimentos estão dispostos está bem conseguida e poucas vezes faz como que nos percamos no tempo. Não gostei particularmente do facto de apenas no fim sermos apresentados às pessoas que falam (algumas dezenas), algo que muitas me vezes me confundiu e deixou a leste em relação ao contexto do que era dito. Por muito que conheça grande parte das figuras do punk, nunca na vida iria saber o nome do baterista dos New York Dolls ou do baixista dos MC5... acho que poderia ter havido um melhor cuidado nesse sentido. Noutro âmbito, também não sei até que ponto é que outra revisão não deixaria o livro com menos 150 ou 200 páginas. Há partes que parece que se arrastam e que podiam muito bem ter sido postas de lado.

É interessante ter noção de como o universo do rock daquela altura era muito pequeno e todas as pessoas se conheciam, mais interessante por serem pessoas que agora vemos como artistas individuais. É também einteressante durante a duração do livro fazer parte da vida deles e imaginar quão duro era fazer parte de um movimento alternativo na altura. O fim é relativamente triste e explicita bem aquilo a que uma vida de excessos leva. Fica o legado de algo que não vai voltar a acontecer.

2 comentários:

Anagrama Orgânico disse...

Quanto 'a última frase, felizmente, né? :P

André disse...

sim, cada coisa no seu tempo!