22 de janeiro de 2012

Henry Rollins - The Long March Tour


Dois anos volvidos e eis que o Henry Rollins decide voltar a Londres. Eu, como fã que sou, não perdi tempo a comprar bilhetes para o ir ver. Desta feita fui com o Rui que, como eu, também o admira. Ainda tinha bem presente na cabeça as memórias do último spoken word dele (aqui) e estava muito apreensivo em relação a este. Não tanto por achar que ia ser mau, mas por achar que ia ser demasiado bom. A apreensão confirmou-se: foi brutal. Todas os minutos das 2 horas e 30 minutos que durou.

Saímos aqui de Hammersmith pelas 6 e tal. O espectáculo era suposto começar às 7 e meia e nós pelas 7 já lá andávamos. A District Line não nos desapontou (for a change). Antes de entrar, e visto que tínhamos meia hora para queimar, fomos até ao McDonald's da estação de Waterloo comprar um snack que desse para acompanhar o estômago ao longo das (supus eu) duas horas que o senhor ia falar. Chegámos 5 minutos antes e prontamente tomámos aos nossos lugares, que eram melhores do que o que eu me lembrava de ter marcado. O auditório (o mesmo do ano passado) é brutal e tem uma acústica fabulosa. De novo, o público era do mais variado possível e, ainda que desse para os distinguir bem, os que vinham do meio do hardcore ou do punk constituíam uma minoria.

O Henry entrou em palco uns 10 minutos depois da hora marcada e começou por falar sobre o que é ter 50 anos (o mesmo que ter 49 ou 51, de acordo com ele) para chegar à conclusão que, no fundo, a vida lhe tinha ensinado muitas coisas, nem sempre da forma mais fácil e que agora estava num período mais reflectivo. Para começar falou (ainda bastante tempo) sobre os tempos de Black Flag, indo buscar histórias aqui e ali, que de alguma forma lhe fizeram ver alguma coisa de forma diferente e, consequentemente, daí tirar alguma lição. Alguns dos highlights foram: os Metallica serem os únicos cabeludos num concerto deles, bem nos early 80s; o dia em que ele imitou o Dennis Hopper para... o Dennis Hopper, numa exposição em LA, e ele fugiu a 7 pés; histórias de concertos e sobre como era tocar naquela altura, desde ser cuspido pelo público a não haver backstage.

Depois disso ele falou um pouco sobre a América (nomeadamente o facto de ser um povo super-consumidor e algo brainless) sem ser muito chato, adicionando várias opiniões a histórias engraçadas. As partes mais interessantes foram, como da última vez, as viagens. Desta feita falou de viagens à Índia, Coreia do Norte (decidi que não vale, definitivamente, a pena lá ir), Vietname, Tibete, China e Haiti. Todas com experiências brutais e histórias que, como o Rui mencionou, dão vontade de ficar ali a noite toda a ouvir o senhor falar.

A conclusão foi que este é o nosso século, no sentido em que não o vamos sobreviver. Assim sendo, cabe-nos a nós fazer dele um melhor sítio. Que "nós" somos a resposta a todos os que andam aí despreocupados com aquilo que se passa à volta deles. Ele diz que o gospel dele é pizza e os Ramones, e eu... eu concordo. Até à próxima Henry, obrigado por seres uma inspiração desde há já algum tempo.

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