28 de agosto de 2015

Ringworm @ The Ottobar (Baltimore)


Uh, ah! Ringworm a tocar em Baltimore numa altura em que eu estou por perto e posso lá passar? Presença óbvia, como é óbvio. O David apanhou-me na estação da Greyhound depois de uma confortável viagem de quatro horas e tal de autocarro. Jantámos pizza e seguimos para a sala. A primeira banda estava a acabar de tocar (nome?!) por isso só vimos a partir da segunda. A sala estava... vazia. Literalmente. Tinha dez ou quinze pessoas no máximo. Apesar disso até gostei dela, com degraus à volta para quem se quiser sentar, o palco com o tamanho certo e som relativamente bom. Thumbs up, mesmo com o ar condicionado no máximo!

A segunda banda a tocar chamava-se Iron Price e, surprise surprise, até nem eram nada maus. O som de guitarra era cru e as mosh parts bem duras. A certa altura o flow deles começou a lembrar-me Merauder - o que não é um mau apontamento no meu livro! Pelo contrário. Merauder com a ocasional parte mosh? Sign me up! A presença em palco foi média, embora desse para ver que eles não se importavam muito com isso. Talvez por ser europeu me faça alguma confusão olhar para um vocalista que é tão gordo que a t-shirt é que o acaba por usar a ele. Enfim. Tinham demos para oferecer mas como não tenho leitor de CDs não peguei uma. Voltava a ver na boa, though!

Depois tocaram os Culture Killer e, mais uma vez, o som até nem era mau de todo. Pesado, com bom groove, boas partes paradas e death metalada a montes. O vocalista, no entanto, era um bocado estranho. Quer dizer, era um bocado cópia do Phil Anselmo. O cotovelo levantado, o cabelo rapado só de um lado - um verdadeiro cowboy do inferno, se é que sabem do que falo. Quem falava entre as músicas era o guitarrista, algo que eu acho sempre meio estranho. Eu sei, eu sei... old fashioned. Censurem-me. Se é o vocalista que canta, é o vocalista que fala. A não ser que seja uma banda tão vegan que torna o palco num comício político e toda a gente tem uma opinião que importa.

A terceira banda que vimos foram os White Widows Pact e... não. Este André não é grande fã daquilo que viu. A primeira razão foi eles tocarem metalcore do mais genério possível. Nem copiado, nem original. Apenas era. Aquela sensação que já se ouviu aquela música em qualquer lado? Isso. A segunda razão foi eles serem a autêntica banda paleta - ou que está a tentar brincar ao mini mainstream. O vocalista com os seus moves coordenados (ele também gosta do Anselmo) até se safava melhor de todos. O baterista era o típico maluco da banda, achei bonito ele abraçar todos os membros da banda antes do ser começar. #teamplayer. Os outros andavam pelo palco como se estivessem num vídeo do YouTube. Desculpem lá, mas eu passo!

Por fim tocaram os Ringworm. A sala, neste momento, devia ter cerca de vinte pessoas - incluindo bandas. Em circunstâncias normais eu tinha partido uns côcos durante o set deles mas mosh em salas vazias não é bem o meu filme. Prefiro estar na minha como se eles estivessem a tocar para mim, que foi o que aconteceu durante o Justice Replaced By Revenge (que eles tocaram na íntegra). Claro que depois disso tocaram a The Sickness e a coisa aqueceu um pouco. Aqueceu tanto que quando começaram a Numb/Blind to Faith eu só parei de aviar fregueses depois do fim da Necropolis, que veio logo a seguir. Primeiro disco deles ao vivo = não conseguir estar parado.

Em 2005 eu voei para os ver na Alemanha e em Londres, naquele que foi o regresso deles à Europa. Desta vez - dez anos depois - vi-os tocar o JRBR na íntegra. Não está mau. Valeu a curta conversa com o vocalista no fim, que agora já sabe que eu tenho tatuado no ombro o feioso do Birth Is Pain (que foi ele que desenhou). Foi uma noite bem passada, só foi pena que não tenha aparecido mais gente para o concerto mas, como disse o James (HF), numas noites há mais gente, noutras menos. A festa? Essa continua. Oh well, toca a Necropolis! Agora! Para sempre!

10 de agosto de 2014

A feira do André!

Preciso de me livrar de TUDO isto nas próximas seis semanas. Quando digo tudo, é tudo mesmo - não pode ficar nada. Se conhecerem alguém que possa estar interessado nalguma coisa, mostrem o link por favor. Ou então comprem e vendam mais caro, ai não.

  • Todos os preços são em Euros e incluem portes (desde Londres). 
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  • Quanto mais compras, menos portes - duh!
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  • Ofertas/informação/tudo: doliveira.andre@gmail.com

CASSETES


LOCAL TRAP: 5

AGNOSTIC FRONT, RIFF RAFF: 10

SHOAL, CROUSTIBAT, THROUGH THESE EYES, DREAMING ALOUD: OFERTAS


7"


QUAISQUER TRÊS: 15


POINTING FINGER, TIME X*: OFERTAS

*"Shit Stuff" edition, com a rotação marada. Limitado e numerado.


RNR/FIT FOR ABUSE, DIRECT CONTROL, RESTLESS YOUTH, INTEGRITY, VIOLENT MINDS*: 10

*Vinil castanho.


BEASTIE BOYS*: 40 

INFEST: 25

TEN YARD FIGHT: 12 (CADA)

*Prensagem original na Rat Cage; capa em bom estado, disco como novo. O outro EP é oferta.


JOHNNY CASH*: 35

*Edição limitada (a 5000?) e numerada com alguns dos singles que saíram pela Sun. 

12"


MISFITS TRIBUTE, STRAIGHT AHEAD/NYC MAYHEM*, DEAD KENNEDYS: 12

FLEX YOUR HEAD COMP, MINOR THREAT: 15

*Bootleg.


METALLICA:
  PICTURE DISC: 25
  HARVESTER OF SORRY: 15
  AND JUSTICE FOR ALL: 20
  GARAGE DAYS: 10
  RIDE THE LIGHTNING*: 8 
MEGADETH: 20

*Tem um risco no lado B, mas deve ficar bem pendurado na parede.



SEPULTURA: 35
ANTHRAX: 15 (CADA)
ROLLINS BAND: 12
BLACK SABBATH: 15 (CADA)


ALL OUT WAR: 25
CALIBAN: 20
CONGRESS: 25
EARTH CRISIS: 20


LED ZEPPELIN: 15 (CADA)
PINK FLOYD: 15
BOB MARLEY: 8
THE DOORS: 15
BEASTIE BOYS: 25


AC/DC: 8 (CADA), 20 PELOS 3
SHAM 69: 12
BIOHAZARD: 15
THE CLASH: 12


ICE-T, PENDULUM, GRANDMASTER FLASH, OVERLORD X: 8 (CADA)

CD


FEEDERZ, CIV: 5 (CADA)

DVD


RAMONES: 8


ENTOURAGE (SEASONS 1, 2 & 3): 8 (CADA)
CURB YOUR ENTHUSIASM (SEASONS 1, 2 & 3): 8 (CADA)
GAVIN AND STACEY (SEASON 1, 2, 3 + SPECIALS): 6 (CADA)
THE WIRE (SEASON 1): 10
SONS OF ANARCHY (SEASON 1): 10
FAST FOOD NATION, EDDY MURPHY RAW, BATTLE ROYALE II: 6 (CADA)

ROUPA
Ainda tenho uma pilha de t-shirts usadas (tamanho S) para pôr aqui ao desbarato - stay tuned!


NIKE: TAMANHO S AMERICANO, SERVE COMO M. NUNCA USADAS! 25 CADA


BRACEWAR: TAMANHO S. NUNCA USADA. 20


86 MENTALITY: TAMANHO S. 20


KNIFE FIGHT: TAMANHO M. 20


BONÉ NEW ERA (FECHADO): NOVO. 20


Última actualização: 21/08/2014

4 de novembro de 2012

Road Trip: Goodlife Fest 2012

Quando quatro pessoas que se conhecem há mais de dez anos planeiam juntar-se para ir ver uma banda que adoram há mais ou menos esse mesmo tempo, o resultado só pode ser uma viagem brutal e digna de ser arquivada na gaveta das aventuras. O Leo e o Tofu sugeriram há uns bons meses - quando o cartaz do Goodlife Fest foi anunciado - que seria uma boa ideia viajar até à Bélgica, uma vez que estavam a pensar cá vir nessa altura. Por mim tudo bem, claro. Não só iriam tocar os Congress, como também os Crawlspace (que foram adicionados mais tarde), os Six Ft Ditch e mais uma série de bandas que não me diz nada por aí além. O Nuno juntou-se aos planos umas semanas mais tarde e ficou tudo por planear até... até... exactamente cinco dias antes da viagem, à boa moda portuguesa.


Problema? Não. Dois ou três telefonemas feitos por mim e meia dúzia de cliques resolveram a situação. Tínhamos o Vauhall Corsa reservado por £48, uma estimativa de £70 de gasolina para gastar na viagem, £40 de seguro para poder sair aqui da ilha, £10 do bilhete do concerto e £25 (!) do ferry de Dover para Calais - que foi descoberto meio às duas pancadas e quase a um quarto do preço de todos os outros. Assim sendo, o budget feito à última da hora dava a modesta quantia de cerca de £45 cada um pela viagem. Mais em conta era impossível. Claro que não tínhamos sítio para dormir na noite de sábado, depois do concerto, mas isso era apenas um pormenor que não assustava nenhum de nós - muitos anos de hardcore, possivelmente.

O Leo e o Tofu chegaram na sexta-feira à hora de almoço e o Nuno mais tarde, ligeiramente depois da hora de jantar. Nessa noite não fizemos muito mais que ver algum lixo na televisão, imprimir bilhetes, confirmações, mapas, etc. O costume. Antes disso fomos ao supermercado comprar comida para comer na viagem: pão, queijo, sumo de laranja e mais umas fatias de galinha e outras coisas do género. A hora de dormir veio por volta da meia-noite e meia, com os despertadores acertados para as oito horas da manhã, de forma a dar tempo para estarmos em Fulham para pegar o carro às nove horas. Calmo.

Ainda fiquei um bocado à conversa com o Leo antes de adormecermos os dois e só acordei com o despertador à hora combinada. Minutos depois tinha o Nuno a bater à porta, para ver se já estávamos a pé. Ele foi tomar um duche, de forma que aproveitei para fechar os olhos mais um pouco. Eu fui a seguir a ele e, contrariamente ao planeado, o Leo e o Tofu também não resistiram. Enquanto esperávamos fomos arrumando as mochilas, certificando-nos que não nos estávamos a esquecer de nada. Saímos de casa ligeiramente atrasados, mas confiantes que isso não iria ter grande importância - afinal de contas, o carro já estava pago.

Chegámos lá por volta das nove e meia, depois de uma curta viagem de autocarro. Levantar o carro demorou algum tempo porque o senhor teve que tirar imensos detalhes e fazer algumas perguntas. Curiosamente, o tipo que fez a reserva comigo ao telefone escreveu Asonso em vez de Afonso no apelido do Leo, de modo que o rapaz da loja se referiu a ele como Alfonso, Alonso, etc., o tempo todo. Bom demais. Infelizmente, como ele disse, o Corsa que tínhamos alugado não estava disponível, por isso ia ter de nos dar um upgrade... para uma Insignia, que - aparentemente - é muito melhor que o Corsa. Claro que para mim é tudo chinês.

Finalmente, perto das dez horas, ele lá nos deu o carro e nós seguimos viagem. Parámos um pouco mais à frente para olhar para as folhas que eu tinha impresso e rapidamente percebemos que não nos iam ajudar muito, uma vez que o ponto de partida não era o mesmo. Boa maneira de começar a viagem! O Leo (condutor de serviço) lá ligou o GPS do telemóvel dele e eu assumi o papel de co-piloto. Demorámos cerca de quarenta minutos até sair de Londres - sem trânsito quase nenhum! A conversa rolava calmamente sobre os mais variados temas, desde a melhor música de Congress até à pior banda de hardcore portuguesa. Chegar a Dover não foi problema e não apanhámos chuva, o que foi bom, uma vez que o céu estava meio coberto. O problema foi a fila interminável que apanhámos antes de chegar ao ferry, já bem apertados de tempo.

Demorámos cerca de cinquenta minutos para chegar à zona de check-in e quando o fizemos, já estávamos em cima da hora. O que nos valeu foi que, devido ao mau tempo, os serviços estavam todos atrasados cerca de duas horas. Assim sendo, acabámos por ter de esperar pelo nosso ferry na fila de embarque durante esse tempo. A viagem estava marcada de forma a sairmos de Dover ao meio-dia e cinquenta, para chegar a Calais uma hora e meia depois (mais uma hora por causa do fuso horário) e ao concerto outra hora e meia depois disso. Se o plano tivesse corrido como planeado, chegaríamos a tempo de ainda ver duas bandas antes dos Crawlspace (que eram a outra banda que queríamos ver), que subiam ao palco as seis e cinquenta. Deste modo, se o ferry se atrasasse um bocadinho mais que fosse, já ia ser complicado chegar lá a tempo de os ver do início. O festival começava às duas e tal tarde nesse sábado, mas nenhum de nós estava interessado nas restantes bandas. Restava esperar que o barco andasse, e a horas.

Saímos do carro e fomos até um pequeno edifício que tinha um Burger King e um Costa. Reformulo: tinha o Burger King e o Costa com as maiores filas que nós já alguma vez vimos. Eram gigantes. Eram tão grandes que se perdiam de vista. Tudo bem que o sítio não era muito grande, mas aquilo era ridículo. A ideia de comer por lá desvaneceu-se rapidamente e optámos por apenas visitar o WC. Descobrimos depois que, por causa do atraso, havia pessoal que estava ali à espera do ferry desde as onze da manhã. Rendidos à espera interminável comemos umas sanduíches de queijo no carro e ficámos lá sentados à espera de melhores dias - que chegaram por volta das duas e meia, tarde o suficiente para nos começarem a amolgar os planos e nos obrigarem a fazer contas de cabeça com as horas.

Entrámos no ferry, estacionámos o carro e fomos para cima. O ferry era brutal, muito semelhante àquele em que andei tanto com os Killing Frost como com os For The Glory. Eu sabia, de memória, que dava para vir cá fora, por isso fomos à procura da saída - que só encontrámos depois de, literalmente, dar a volta ao barco. Parámos ao pé de umas máquinas de jogo que lá havia perdidas e o Tofu e o Leo decidiram queimar umas moedas numa máquina de caça selvagem. Não era como se houvesse muito mais para fazer. Naquela altura só estávamos contentes por ter havido barco para nos levar para o outro lado! As contas vinham quando chegássemos a França.


Curiosamente, tanto um como o outro eram bastante bons no jogo. Bastante. Ao ponto de baterem os recordes da máquina. Ainda perdemos ali um bom tempo entretidos e, uma vez acabados os créditos, lá fomos em busca da porta que nos ia levar a apanhar ar. A vista era bonita, para trás via-se perfeitamente Inglaterra e um arco-íris lindíssimo. Para a frente... bom, para a frente viam-se nuvens negras e aquilo que aparentava ser chuva. O Leo lançou o alerta e eu não perdi tempo a dar uma corrida até à porta, não sem apanhar ainda com algum granizo e quase me enfiar de cabeça na porta por causa do chão molhado.


Para o resto da viagem fomo-nos sentar no café (fechado) na parte da frente do barco, onde arranjámos umas cadeiras confortáveis mesmo em frente a uma janela. Aproveitámos para fechar os olhos um pouco enquanto não chegávamos. A corrida contra o tempo não começou até saírmos do barco, com cerca de uma hora e pouco para chegarmos à sala do concerto de forma a ainda apanhar o concerto de Crawlspace desde o início - tarefa que nos estava a fazer todos engolir a seco. De novo, os mapas serviram de pouco e o GPS saltou cá para fora. A viagem acabou por se fazer bem e mais rapidamente que o tempo previsto, só complicando na chegada a Kortrijk quando nos apercebemos que ninguém tinha trazido a morada da sala do concerto. Eventualmente, pedindo indicações aqui e ali e um telefonema depois lá a encontrámos - o clima no carro estava tenso, mas bastou ver a sala, estacionar o carro e sair para o frio para voltar tudo ao normal.

Chegámos a duas músicas do fim do concerto de Crawlspace. A sala não aparentava estar completamente cheia, pelo menos o dance floor estava relativamente aberto e com espaço. A primeira malha que eles tocaram era do disco novo, por isso fiquei só cá atrás a apreciar enquanto saboreava o pouco movimento que havia no pit. A segunda não era uma nova e eu não resistir a me mandar lá para o meio também assim que soou a parte lenta. O que seguiu foi um episódio reminescente daquele que me aconteceu no primeiro concerto de For The Glory, onde levei um soco na intro e fiquei logo a sangrar do nariz, tendo que ir à casa de banho deixar o sangue antes de voltar para mais acção. Claro que desta vez não houve casa de banho. Nem intro. Simplesmente levei com um punho vindo do nada - como normalmente acontece neste tipo de concertos - que me abriu um senhor rasgão no lábio. Felizmente foi fora o suficiente para eu poder enfiar essa parte do lábio na boca e continuar o que estava a fazer, mas confesso que a única coisa que me passava pela cabeça era se teria de levar pontos ou não: algo que não me estava nada a apetecer. Nada.


Findo o concerto fui até à casa de banho ver ao espelho quão grande era o dano e... não fiquei de todo confortado. O golpe (em três sítios) era aquilo que os ingleses chamariam de nasty. Creio que mais um bocadinho e não me tinha safado dos pontos. Lá passei a boca por água, cuspi o sangue e voltei para dentro à procura deles, que entretanto tinham desaparecido. Fomos para o lado do palco e vimos daí o concerto de Six Ft Ditch. Quer dizer, o Nuno e o Leo bazaram passado duas ou três músicas, mas eu e o Tofu ficámos lá até ao fim. Estava muito calor na sala e eu estava meio desconfortável, tanto do lábio como do casacão de Inverno. O concerto foi ok, nada de especial. O vocalista, para além de falar um inglês bem estranho e imperceptível, deve ser daqueles que acorda todos os dias e chora por não ter nascido nos Estados Unidos. A sério... Rapper do ghetto só a dizer lixo atrás de lixo não estava a dar. Na boa, eu por acaso até curto as malhas por isso estava a curtir o concerto, embora o pit estivesse fraquinho. Havia movimento aqui e ali, mas não passou disso. A última malha era uma cover da intro de SOD e eu e o Tofu aproveitámos a deixa para irmos lá para cima ter com eles.

O andar de cima do JOC (um centro para jovens - muito comum naqueles lados da Europa) era onde estava a comida (que já tinha acabado por aquela altura, deixando-nos sem grandes opções) e o merch. O Leo conhecia lá o mano vocalista de uma banda francesa e foi mesmo a ele que acabámos por perguntar se não sabia de alguém que nos orientasse sítio para dormir. Ele conferiu com um miúdo que disse logo que sim, que era na boa. Safos. Depois de estarmos lá um pouco na galhofa, descemos para ver Congress. Eles estavam um pouco desapontados porque, aparentemente, umas semanas antes os Congress confirmaram que o vocalista original (o Pierre) não iria estar lá, sendo substituído pelo de Sektor. Eu estava naquela, excitava-me mais ver o Josh que o Pierre, mas pronto.

Por esta altura a sala estava bem cheia e os Congress estavam no palco a fazer soundcheck. Todos vestidos como se tivessem vindo agora de casa, sem grandes preocupações ou manias. Só percebi passado algum tempo que era o UJ no baixo, agora de cabelo rapado...! Estranho, muito estranho. Mas boa onda, claro! O concerto em si foi fixe, tocaram muitas músicas que adoro e muitas que me são completamente indiferentes (não percebi bem o critério na escolha, para além de escolherem apenas músicas dos primeiros discos). A acção no pit não foi tão espectacular como da primeira vez que os vi, há muitas (muitas!) luas atrás. O chão estava molhado, a maioria do pessoal que lá andava era miudagem que só se sabe mexer em partes paradas. Matou um bocado o feeling que podia ter feito deste um concerto memorável. Não foi mau, foi bom, mas faltou-lhe ali qualquer coisa. Claro que dadas as circunstâncias e tendo em conta que o tipo de Sektor não sabia metade das letras, o meu foco foi directamente para o Josh, o meu Iommi do hardcore. Muito headbang foi feito naquele set. Ainda representei bom mosh à 2002 com o lábio enfiado para dentro da boca, mas foi por aí que fiquei. O Nuno e o Leo andaram lá mais activos, mas passado um pouco estávamos todos na base do headbang. Na descontra. No final a opinião em relação ao concerto era unânime: mixed feelings, como se diz por aqui.

O miúdo com quem íamos ficar acabou por nos despachar para outro miúdo, que já ia ficar com os Alea Jacta Est, sem stress. Antes de ir dormir (o concerto acabou cedo, perto das dez da noite) eles ainda queriam ir a um bar e nós, claro, não podíamos dizer que não. Sorte tínhamos em ter arranjado sítio para ficar. Quando chegámos ao bar, rapidamente percebemos que o melhor era irmos comer calmamente e depois voltar para lá, na esperança que eles já se quisessem ir embora. Depois de uma curta paragem para o Tofu levantar dinheiro, fomos a um pequeno snack-bar (AKA frituur) chamado Chaplin, onde devorámos uma maravilhosa refeição. Eu optei por panados de queijo, tubos de mozzarella, batatas fritas com mayo e um Coca-Cola, os meus camaradas optaram por pratos com carne, claro! Estava bom, estava muito bom. Esta óptimo, e não estou a exagerar. Comer esse tipo de comida com garfo e faca por causa do golpe no lábio? Não tão fixe.



Depois disso ainda apanhámos uma boa seca no bar à espera que a criançada se decidisse a ir para casa, algo que não aconteceu até perto das duas e tal da manhã, tendo em conta que a hora tinha atrasado nessa noite para o horário de Inverno. Seguimos a carrinha dos franceses até casa do miúdo, que parecia nunca mais chegar. Estávamos todos bastante cansados e eu confesso que já estava a lutar comigo mesmo para me manter acordado. Parecia que a casa dele nunca mais chegava! Finalmente, para nosso regozijo, lá acabou por chegar. Entrámos os quatro e não demorou até que ficássemos chocados.

A casa era fixe, uma vivenda grande numa rua pacata onde não se deve passar muito. Mal entrámos para a sala - que dividia o espaço com a cozinha e era bastante grande - que estava mais desarrumada que uma loja de roupa depois do primeiro dia de saldos. Brinquedos por todo o lado, coisas partidas e muita desarrumação. Para finalizar a peça, só mesmo estar a dar um programa do Justin Bieber na televisão e o dito irmão andar aos pinotes pela sala a fazer as coisas mais estranhas, desde cortar pacotes de gomas a brincar com bonecos. Estranho, tudo muito estranho. E nós sem perceber bem onde é que íamos dormir.

Entretanto os Alea Jact Est foram dormir (honestamente, fiquei sem perceber onde) e a mãe do miúdo pôs-se à conversa connosco. O tom de surrealidade que este episódio foi é difícil de explicar em palavras, especialmente tendo em conta o cansaço que eu tinha em cima. Lembro-me dela a dizer que era das Filipinas, a mostrar fotos do filho quando era mais novo, a dizer que gostava muito de sea pods (sea food) e que tinha uma irmã em Portugal, ou que ia muitas vezes a Portugal. Acho que ela se chama Rita, mas posso estar a inventar. Para além disto, foi-nos buscar colchões, cobertores e almofadas. Hospitalidade, é você? Passado um tempo eles lá se foram deitar e nós, ainda a recuperar do choque (a sério, antes de me ir deitar ainda encontrei um tanque com uma tartaruga e um vaso gigante com água bem suja e um peixe), lá fomos montar o nosso estaminé. O Nuno ficou num sofá, o Leo e o Tofu no colchão (uma esponja gigante) que ela trouxe e eu pus as almofadas de um sofá no chão e chamei-lhe cama. O nosso dia tinha chegado ao fim. Foi pôr o despertador para as sete e tal e encostar a cabeça na almofada.


Acordámos com o despertador e não demorámos a nos aprontar para seguir em direcção a Calais, que ficava a pouco mais de uma hora de distância. Parámos um pouco depois de sairmos de lá para o Nuno e o Leo irem a uma pequena padaria comprar o petit dejeuner, que acabou por ser uns pães com chocolate, que estavam bastante bons, e um leite com chocolate a acompanhar, que acabei por não beber (por causa do lábio, claro). Chegámos ao ferry bem antes do tempo previsto e fomos dar uma volta enquanto esperávamos. Não havia lá muito para ver, de modo que acabámos a bater uma boa sorna dentro do carro à espera que chegasse a hora do embarque.

A viagem de regresso foi igualmente calma, com mais umas moedas gastas na máquina de caça no safari, que nos ocupou parte do trajecto. O resto do tempo passámos num dos salões, eu a jogar no telemóvel, o Tofu e o Leo a dormir e o Nuno a andar por aqui e por ali. À chegada a Inglaterra vi nas notícias que o atrasado do dia anterior se tinha devido a um acidente entre dois ferries, exactamente um dos que tinha saído antes do nosso. Não houve feridos, aparentemente chocaram por causa de onde provocadas pelo mau tempo. Está boa. No regresso a Londres optei por vir no banco de trás, passando o Nuno para a frente. A playlist que tocou foi composta maioritariamente de êxitos dos Irmãos Catita ou dos Ena Pá 2000, duas bandas que eu dispenso profundamente. Pus os meus headphones e deixei-me dormir - a viagem tinha valido mais que a pena e a felicidade de estar ali, naquele momento, com aquelas pessoas, era suficiente para eu não me querer preocupar com mais nada. Por muito que os anos passem, há coisas que nunca mudam.


19 de agosto de 2012

Um André por dia, durante um ano!

Faz amanhã exactamente um ano que comecei a tirar uma foto por dia, todos os dias. Ao início foi mais por piada, sem pensar muito num objectivo ou num período de tempo. Todos os dias às três horas da tarde o telemóvel lá me lembrava que tinha de tirar uma foto e, salvo as duas ou três vezes em que acabei por me esquecer de o fazer, a foto era tirada. O resultado? Mais de trezentas fotos minhas, tiradas ao longo de um ano, agora compiladas num vídeo de vinte e dois segundos que há-de ficar para a posteridade.

Ao fim de quase nove ou dez meses decidi que o melhor seria parar ao fim de um ano, já que a rotina de ter de tirar uma foto todos os dias me estava a começar a aborrecer ligeiramente. Ao menos assim acabo em grande. Engraçado ver a barba a crescer, sendo que é a mudança mais notória. Dá perceber perfeitamente o quão eu me preocupo com ela! O cabelo vai e vem mas nunca deixo crescer para além de um tamanho aceitável e tirando isso, não há muito mais a notar. Enfim, fica uma experiência para mais tarde recordar.

Arquivo com as fotografias todas e as datas em que foram tiradas: http://umandrepordia.tumblr.com

24 de junho de 2012

Prowler + Xibalba @ The Underworld (Londres)

Ora fim de tarde de sexta-feira, o que é que se faz? Vai-se a um belo concerto de hardcore, não é verdade? Era bom que tivesse sido. Foi isso que aconteceu? Mais ou menos. Mas adiante, que para mau já chega o tempo de Verão nesta terra.

Encontrei-me com o Tiago e a Sandra em Camden por volta das oito horas para irmos ver os Xibalba. Eles só queriam ir a um concerto para descomprimir e eu, achando que Xibalba seria bem banhado a Crowbar, achei que poderia adicionar isso à boa companhia. Como de costume, aproveitei a benesse da guest list que tenho naquela sala - podendo dar-me ao luxo de lá chegar a qualquer hora sem ter que me preocupar em fazer render o bilhete.

Antes de entrar fomos até o McDonalds comer um jantar que não estava mau de todo e foi, na sua grande parte, regado com boa conversa. Quando voltámos para a sala já a Grécia estava - infelizmente - a levar nas orelhas e os alemães a dois passos de se encontrarem connosco na final (cof...!). A banda que estava a tocar eram os Prowler, que eu já tinha oportunidade de ver ao vivo um par de vezes e sabia que o mosh pit aquecia tipo forno a lenha enquanto eles tocavam. Desta vez não desapontou - foi pancadaria que ferveu. Infelizmente só vimos meia dúzia de músicas deles, mas mesmo assim valeu. É sempre bom de ver ao vivo e creio que esteja na hora de os verificar em disco. A sala estava meio vazia (as in como muito espaço livre) e eu não sabia bem o que esperar do que aí viria.

Os Xibalba - com sua paleta de mexicanos americanos - subiram ao palco pouco depois e... pois, não sei bem. Não sei se diga que é mau, estranho ou apenas não a minha cena. Eu pensava que era Crowbar, mas infelizmente nem isso. É tipo metalcore. Mas tipo beatdown também. E com partes rápidas. E partes freaks. Enfim, é uma misturada e não é de todo a minha cena. Prefiro mil vezes o novo disco de Dying Fetus. Mil vezes. O set não foi muito comprido, mas deu para um bocejo aqui e ali. O pessoal mexeu-se ok, mas nada de mais. Valeu a companhia e ter sido de borla. Palavra nisso.

16 de março de 2012

Atari Teenage Riot @ The Garage


Depois de ver os Atari Teenage Riot qualquer coisa como cinco (!) vezes em três cidades diferentes em menos de um ano e meio, decidi que se calhar devia fazer uma pequena pausa e passar por cima das próximas vezes que viessem a Londres. Isto, claro, até ao dia em que me disseram que eles iam tocar no Garage, numa noite patrocinada por uma bebida energética qualquer, e que o bilhete custava só £5. Nesse caso, pensei eu, sou capaz de fazer uma excepção. E claro que fiz. E claro que foi a melhor decisão que podia ter tomado. O concerto foi bom em todos os sentidos e não fiquei nem um bocadinho desapontado. Ok, talvez tenha ficado um bocadinho por não terem tocado a No Remorse, mas hey, não é como se já não os tivesse visto cinco vezes...!

Fui ter com o meu irmão depois de sair do trabalho e fomos jantar a um restaurante, relativamente perto da sala, chamado Big Red. Já lá tinha ido algumas vezes e sabia que tinham uma boa pratada de nachos, embora não me apetecesse algo tão pesado. Optei por uma boa sandes de queijo haloumi e o meu irmão pediu o mesmo. Estava boa, mas podia ter estado melhor. Voltámos para a sala do concerto e chegámos antes dos Atari Teenage Riot subirem ao palco. Ainda tivemos que esperar um pouco para que tal acontecesse mas ao menos não tivemos que levar com as bandas de abertura que, do que eu tinha ouvido, não eram mesmo nada de especial.

O concerto começou com um instrumental longo que parecia não ter fim. A estrutura foi a mesma dos outros concertos que tinha visto deles, principalmente do que vi em Los Angeles. Começaram com algumas músicas novas e depois despejaram uma série de músicas antigas para manter os níveis energéticos bem altos. A banda tinha um membro novo, que veio substituir o Kidtronik, mas que não me convenceu por aí além. O Alec parou uma ou duas vezes para fazer uns discursos mais vagos do que os que eu já tinha ouvido anteriormente mas nem por isso o concerto perdeu em qualidade. O público, do mais variado possível, estave incansável do início ao fim. Como sempre, foi uma belíssima noite passada ao som dos Atari Teenage Riot e uma que... voltaria a repetir, nem que fosse para ouvir a Hetzjagd Auf Nazis mais uma vez!

Suffocation @ The Underworld


Na minha lista de melhores concertos visto em 2011 consta, bem colocado, o dos Suffocation no Hellfest. Depois de os ver pela primeira não pude deixar de desejar que eles viessem a Londres brevemente para eu poder repetir a dose. Foi com alguma excitação que soube que eles cá viriam em 2012, principalmente sendo estando o concerto agendado para o Underworld.

Como tive que trabalhar até mais tarde, sabia que ia perder quase todas as bandas - algo que não me aborrecia por aí além. Tinha visto Cattle Decapitation em San Diego no Verão anterior e confesso que não me despertou grande interesse. Pelo menos não ao ponto de os querer ver de novo.
Combinei com o João à saída de estação de metro de Camden por volta das nove. Fomos até à sala ver quem estava a tocar e, depois de apanhar - literalmente - o fim do concerto de Blood Red Throne, voltámos cá para fora. A sala estava composta, embora não estivesse (de todo) cheia.

Fomos até ao McDonald's pôr alguns assuntos em dia e depois de lá ficarmos cerca de quarenta minutos voltámos para a sala. Ainda apanhámos a última música de Cattle Decapitation que, muito como em San Diego, foi ok mas nada de especial. Desta vez, como estava com menos sono se calhar consegui apreciar melhor embora o som que eles toquem não seja, de todo, do meu agrado.

Depois de eles acabarem fomos para o lugar habitual na sala: lá em baixo, junto à parede, do lado direito do palco. Não parecia que fosse encher, o que era estranho. Eu já sabia de antemão que o Frank Mullen não ia cantar nessa noite e estava meio desapontado com isso embora as músicas de Suffocation valham também pela brutalidade que o instrumental é ao vivo. O vocalista que substituiu o Frank era engraçado e tinha boa voz, não me deixando a sentir falta dele. Tocaram imensas músicas dos dois primeiros LPs e algumas dos mais recentes. Achei o set brutal e fiz questão de abanar bastante a cabeça. Afinal de contas, não é todos os dias que se vê Suffocation - reis supremos do death metal técnico. Nota 5, mesmo sem o Frank. Sim, assim tão bom!

11 de março de 2012

Ieper Fest 2002

Eu gosto de olhar para trás e recordar experiências que tenha vivido, não é de agora. Ao longo dos anos tenho mantido o hábito de ir escrevendo diários ou resumos das minhas viagens que, consoante o tempo passa, vão valendo bem mais que "uma imagem". Foi há dez anos atrás que fiz a minha primeira viagem a sério. No ano em que fiz 21 anos fui com o João e com o Atum até à Bélgica para ver o clássico Ieper Fest. O cartaz tinha alguns nomes de luxo que me faziam querer marcar presença, desse por onde desse. Não só isso, mas também a fome de viver algo novo e diferente. Curiosamente, esta foi também a primeira vez que andei de avião! Olhando agora para trás, parece que foi há séculos!
Escrevi este texto depois de ter voltado e, embora tenha tido que o melhorar para ser publicado, a base está toda como eu a escrevi originalmente (tirando uma meia dúzia de apontamentos de puto parvo que não faziam grande sentido e foram retirados). É uma boa forma de celebrar os dez anos de aventura que a vida que eu escolhi me ofereceu até agora, só espero que assim o continue a ser. Um brinde aos próximos dez!


DIA 1 - 16/08/2002
O telefone tocou por volta das cinco e meia da manhã, era o Atum a conferir que eu já estava acordado. O meu pai foi-me pôr ao aeroporto. Tivemos alguns problemas no check-in por causa da autorização dos pais dele (é o que dá ter 16 anos!) mas no fim acabou por se resolver tudo pelo melhor. Esta foi a primeira vez que andei de avião. Gostei de descolar e da experiência no geral mas pensei que os aviões fossem mais sofisticados. Fiquei um bocado desiludido com isso.
Passadas cerca de duas horas e tal chegámos a Bruxelas e fomos apanhar o comboio para Ieper. Foi fixe porque deu para andar aos saltos dentro da carruagem e a fazer trinta por uma linha. O melhor foi termos passado em Kortrijk (cidade crucial para qualquer fã de metalcore da H8000!). Eles não paravam de me chatear que Congress ia tocar naquela noite. Ouvi, repetidamente, "André, André tamos a chegar à terra onde Congress vai tocar!"Enfim… que chatos!

Saímos em Ieper e, como bons miúdos do hardcore que somos, decidimos seguir uns tipos que também aparentavam ir para o parque de campismo do festival. Lá chegámos, com mais ou menos jeito. Mal chegámos, com alguma sede, decidimos comprar água na máquinas das bebidas. Não foi até ao primeiro trago que percebi a água era gaseificada. Quase vomitei. A partir daí só Coca-Cola! Montámos a tenda, pagámos pelo aluguer do espaço e fomo-nos encontrar com os Pointing Finger, que estavam em tour e iam tocar nessa edição do festival. Fomos a pé até ao recinto e chegámos lá na altura de Smut Peddlers, que era um punk rock burro e chato que não me despertou grande interesse. Depois deles tocaram os Die My Demon e… wow! Foi o meu primeiro contacto visual com os mosh pits da H8000 e fiquei louco. Também gostei da banda, a ver se arranjo alguma coisa deles para ouvir. Seguiram-se os Pretty Girls Make Graves mas o som não faz bem o meu género e, como tal, não posso dizer que tenha gostado. Estava algo curioso para ver os Jr Ewing, que iam a tocar a seguir, e não fiquei desapontado quando tocaram músicas do primeiro disco. Depois tocaram os New Born, uma banda que o Atum adora mas que me deixou 300% indiferente. Como vão acabar não creio que valha a pena esforçar-me para gostar. O concerto de Born From Pain foi BRUTAL! Adorei! Eu adoro Born From Pain, é muito bom. Demasiado bom! Pode ser que venham a Portugal em Dezembro (isso é que era). A fechar a noite, tocaram os Congress. Estava (mais que) curioso para os ver ao vivo e adorei, claro. Sou fã do metalcore da H8000, nunca o neguei. Gostei do novo vocalista, o Tim. Ele tem boa energia ao vivo e é incansável. Basta dizer que começaram com uma intro instrumental (bem épica, diga-se) que foi seguida da The Release, dá para imaginar? Foi lindo, muito mesmo.
Depois de Congress acabar de tocar fomos até ao centro da cidade para levantar dinheiro e dar uma volta antes de voltar para o parque de campismo. Apesar de tudo estar a correr bem, eu estava a começar a ficar com o nariz entupido e isso não era nada bom.

DIA 2 - 17/08/2002
Bom dia Ieper! Acordei cedo, depois de uma noite muito mal dormida graças a uns alemães e uns ingleses que não se calaram a noite toda. O meu nariz estava todo entupido, o que não ajudou à festa. Fomos tomar banho às casas de banho do parque e soube-nos bastante bem, principalmente por estarmos num estado já relativamente imundo. Fomos ao supermercado comprar gauffres e qualquer coisa para beber. Eu optei por um batido manhoso, mas que estava bom. Comemos tudo, deitámos fora as embalagens e seguimos para o festival. Percorremos o trajecto a pé e pusemo-nos lá nuns dez ou quinze minutos. Quando lá chegámos, sentámo-nos cá fora na relva a descansar porque ainda faltava mais de uma hora para o festival começar. Acabámos por adormecer lá durante algum tempo. Entretanto comecei a pingar do nariz e chateei o Atum e o João para irmos lá para dentro (até porque eu precisava de um guardanapo para me assoar). Entrámos sem problema e fomos vendos as bancas de merch até começarem os concertos.

O dia começou com os Dead Stop, old school rápido que não me convenceu muito - se calhar porque estava às compras e mal ouvi o som deles. Depois vieram os Burn Hollywood Burn e os Nothing Gold Can Stay, não gostei de nenhuma das duas (até porque a descrição diferia bastante da do folheto). Não achei Burn Hollywood Burn "aquela malha" de que o Atum falava. Degradation seguiu-se e tive a vê-los lá à frente com o Diogo. Não gostei muito. Já tinha ouvido três músicas deles e estava à espera de mais do concerto - a meio já estava farto. A seguir vieram os Severance e os Trial By Fire, que já não me lembro como era o som mas não devo ter gostado. Depois, pronto, é o que se sabe… Algo que eu ansiava ver: Length of Time! E que brutalidade de concerto que foi. A voz dele é boa, o som é bom, é tudo bom. Ele não se cansa de pedir acção no mosh pit, circle pits e crowd surf. Gostei muito, embora algumas músicas tenham lá partes bem gay! O vocalista às vezes faz lembrar o palonço dos System Of A Down mas que se lixe, foi um grande concerto. Vi pessoal a moshar nas partes sem ritmo das músicas (bom demais!) e até vi miúdas a dançar no meio do mosh pit. Bom.

Depois disso fomos comprar bebidas até à bomba de gasolina que havia lá pertinho e onde ficámos sentados a comer e a beber. Por causa disso acabámos por perder The Deal, uma banda que eu até queria ver mas que… não deu! No entanto, muita coisa boa ainda estava por acontecer. Voltámos para o recinto, onde os Cast Down tomavam conta do palco. Era um rock manhoso na onda de Hot Water Music e As Friends Rust, duas bandas que me dizem muito pouco. O Atum decidiu adormecer antes da banda seguinte - os Sunrise, da Polónia - que são uma grande banda e deram um concerto igualmente grande (em qualidade!). Seguiu-se Square One, que era muito mau e deu para dormir um pouco lá na relva. Estava ansioso para ver Darkest Hour porque tínhamos lido umas reviews que diziam muito bem deles e dos concertos deles, muito bem mesmo!. Entretanto começaram a tocar uns tipos chamados Majority Rule, que tocavam algo na onda dos Dillinger Escape Plan, ou seja, bom à primeira música e secante a partir da segunda. O pessoal lá à frente estava todo a adorar mas eu não gostei muito, queria mesmo era ver Darkest Hour.

Darkest Hour começou e foi a loucura, até me passei. De vez em quando ia olhando para o Atum e o pensamento esbatia-se no olhar: esta banda era MUITO boa! Primeiro chegaram todo o material para a frente do palco, tocando na parte mais pequena do mesmo. Tinham um dinossauro que fazia stage dives e fizeram uma pirâmide humana numa das músicas. Só sabe quem viu, e quem viu adorou! Depois vieram os Strike Anywhere, hardcore mais old school. O pessoal português que lá estava gostou imenso mas a mim passou um bocado ao lado, o que queria mesmo ver era Heaven Shall Burn. Quando eles começaram a tocar foi o delírio também. Estava em cima do palco, que estava completamente cheio e com toda a gente a cantar as músicas. Adorei. O melhor foi na última música - To Inherit The Guilt - o vocalista ter-me passado o microfone lá numa parte antes do fim e eu tê-la cantado (claro que fiquei afónico pouco tempo depois). Que concerto dos diabos! Acho que vai ser um daqueles de que nunca me vou esquecer.
Como estávamos um bocado cansados decidimo-nos ir embora. Ainda fomos ao centro da cidade levantar dinheiro antes de voltar ao parque de campismo para ir dormir.


DIA 3 - 18/08/2002
Como é acordar com a voz toda lixada? Ou com o nariz todo entupido? E com um indício de constipação em cima?! Ah! Este foi o último dia do festival. Acordei todo virado do avesso, todo mesmo. Saímos da tenda e fomos dar uma volta pelo centro da cidade. Não perdemos muito tempo nisso porque os Pointing Finger iam abrir as hostilidades e nós queríamos marcar presença. Chegámos lá e ainda os vimos a montar o material no palco antes do concerto, que foi muito fixe. Estavam cerca de quarenta ou cinquenta pessoas na audiência a curtir. O ponto alto, como sempre neste tipo de festival, foram as covers. Estava à espera que fosse bem pior! Eu adoro Pointing Finger e eles estão com um line up mesmo fixe. Pena que já não toquem músicas das demos; eram as melhores, as mais sinceras. Enfim, não se pode ter tudo. Ficam as boas memórias dos concertos que vi em Faro.
Quando o concerto deles acabou, fiquei logo no palco para ver a banda que ia tocar a seguir, os Absone. O concerto foi muito bom, gostei muito. Já tinha decidido que não ia comprar mais nada mas tive que abrir uma excepção para o LP deles. Só não conhecia uma das músicas que eles tocaram. Juntamente com Fear My Thoughts e Sunrise foram das bandas que eu conhecia pouco e estava curioso para ver - não tendo ficado nada desapontado.
Depois vieram os Between The Lines e os Zaccharia, que foram relativamente interessantes. A primeira era puro hardcore nova-iorquino e a segunda era um hardcore mais pesado e gritado. Seguiram-se os Fear My Thoughts, que deram um óptimo concerto. Os guitarristas tocam muito mesmo! Até me passei. O som é brutal de si, então com um violino (e uma violinista!) e duas guitarras daquelas não dá mesmo hipótese. Vieram depois três bandas que não me disseram assim muito. Foram os Let It Burn, os Flatcat e os Sworn In. O que eu queria ver veio a seguir, sob o nome de Deformity. Mais metalcore clássico da H8000 que, infelizmente, não me convenceu. Foi o concerto mais parado do festival inteiro. Gostei porque sou fã da banda e o guitarrista toca muito, de resto foi meio chato e sem reacção por parte do público. Seguiram-se os Point of no Return que acabaram por não ser aquilo de que eu estava à espera. Espera mais energia, mais qualquer coisa… Mas mesmo assim foi um bom concerto. Acho que tinha as expectativas demasiado altas.


Durante a banda seguinte, os Amulet, aconteceu algo inesperado: Do nada, começou a cair um temporal que metia medo ao susto. Juro! Foi o caos! Foi tudo para cima do palco ou para baixo dos toldos. Só parou de chover duas bandas depois, em As Friends Rust. O João e o Atum gostaram imenso do concerto por isso deve ter sido fixe. Eu vim-me embora para o parque de campismo com o pessoal de What Went Wrong na altura em que Circle estava a tocar uma cover de Sick Of It All. Quando lá cheguei já não chovia, mas as tendas estavam todas alagadas. Estive a arrumar tudo mais ou menos bem e, uma vez despachado, acabei por adormecer. Estava todo partido, muito cansado, sem voz e meio doente. Eles chegaram algum tempo depois e decidimos arrumar tudo logo e ir para a estação, uma vez que não valia a pena ficarmos ali mais uma noite, desconfortáveis.
Fartámo-nos de andar até chegar à estação e pelo caminho fomos presenciando várias cenas bizarras que passaram por ruas com uma névoa ao fundo, janelas partidas com as cortinas de fora e barulhos em jardins. Quando chegámos à estação fui com o João beber uma Coca-Cola (acho que nunca bebi tanta Coca-Cola em tão pouco tempo na minha vida) e ver o que tínhamos comprado no festival. Começou a chover meio de repente e tivemos que puxar tudo à pressa para baixo de uma cobertura que havia lá. Pouco tempo depois adormeci ao pé do Atum, no chão. O João acordou-nos por volta das quatro da manhã para dizer que o comboio era às quatro e meia. Fomos para Bruxelas onde ainda ficámos uma noite, voltando para Lisboa no dia seguinte. O cansaço que trouxemos de volta era imensurável mas o sorriso na cara não enganava ninguém: a missão tinha sido cumprida.