31 de dezembro de 2011

MMXI

Eis que chega ao fim mais um ano, o quarto desde que estou em Londres. No geral, este foi um ano bom  para mim. Um ano com muitos momentos bons, muitas boas memórias e uma vasta colecção de episódios que não irei esquecer tão brevemente. Infelizmente, a ponta final do ano foi relativamente pesada e difícil de digerir, mas, a firme crença em que depois da tempestade vem SEMPRE a bonança não deixou que eu me deixasse levar pela corrente e prontamente pusesse o barco na rota certa.

Este foi um ano de realização pessoal e de me puxar mais ao limite, em busca da auto-disciplina que me fará chegar onde quero. Sinto que puxei por mim, ainda que haja uma relativa distância a percorrer até que o objectivo seja atingido e um novo se forme. Eventualmente terei descoberto aquilo que procurava (relativamente falando, claro): o meu dom. Ele é, não tanto o que eu digo, mas a forma como o digo. Não tanto o que eu escrevo, mas a forma como o escrevo; melhor dizendo. Houve várias pessoas que me disseram que talvez fosse algo pretencioso dizê-lo dessa forma mas, tenho para mim, se não for eu a acreditar no que faço, acima de qualquer outra pessoa, ninguém o vai fazer por mim. Essa força interior dá-me vontade para escrever mais e para escrever melhor. Numa priorização de objectivos para o ano que vai começar está certamente a escrita, com muitos projectos na calha que a seu tempo irão ver a luz do dia. Escrever (nos seus mais variados formatos) vai ser o meu objectivo principal e vai ser aí que vou precisar da auto-disciplina que fui começando a desenvolver ao longo este ano. Agradeço todas as palavras de apreço que recebi ao longo dos últimos 12 meses e darei o meu melhor para as retribuir da melhor forma possível: com mais textos.

No que toca a viagens não me posso queixar muito já que fui duas vezes aos Estados Unidos e, na sombra disso, ainda visitei uma mão cheia de cidades. No entanto, foi a segunda viagem aos Estados Unidos, onde percorri sozinho a Costa Oeste de norte a sul, que me fez reflectir bastante sobre a vida (salvo seja) e, principalmente, sobre mim mesmo. Sobre quem sou e o que estou aqui a fazer; para além do miúdo que continua tão revoltado com o mundo como no primeiro dia que pôs os pés num concerto de hardcore. A conclusão? Não foi muito conclusiva. No entanto, houve um momento crucial em San Diego que me fez perceber que a vida é um trajecto relativamente curto e que a ambição de nos superarmos é algo que por si só deve servir de motivação para acordar dia após dia. Houve um encontro que despoletou algo em mim e me alargou os horizontes de forma brutal e me fez pensar no que existe para além da garantia financeira que um emprego nos dá. Um emprego qualquer, como o que eu tenho. Acho que a resposta é... nada. Absolutamente nada. No entanto, a maioria de nós nem sequer supõe largar o emprego que tem a não ser que algo esteja muito mal, eventualmente olvidando o facto de que uma mudança pode também ser para melhor. Bom, desabafos aparte, desse encontro surgiu uma ideia interessante que rapidamente cresceu na minha cabeça e ainda mais rapidamente se apoderou de mim. Descer a Costa Oeste dos Estados Unidos e ver o que eu vi no tempo que eu vi, há-de ser uma espécie de recorde (seja ele qual for, onde for) mas a realidade é que me soube a pouco. Foi intenso, mas soube-me a pouco e foi essa tal conversa que me deixou a pensar quão engraçado e libertador seria despedir-me do meu trabalho e ir dar a volta ao mundo em... meses. Talvez quatro, talvez seis. Quem sabe? A ideia assentou e agora vai ser uma questão de tempo até acontecer. O marcador está em 2014 mas nunca se sabe! O preço vão ser dois anos sem viagens muito compridas para juntar dinheiro, mas certamente que vai valer a pena o esforço.

Aproveitei bem este ano para estar com os meus amigos e fico contente sempre que me apercebo há quantos anos estas relações duram. Vejo que estamos todos mais maduros e que já não somos putos. Gosto de ver que apesar de termos todos crescido por dentro, ainda continuamos os mesmos miúdos sem muito juízo. É isso que me faz perceber que independentemente do números de anos que passe a amizade vai continuar lá, sólida. Poderia eventualmente chamar-lhe sorte mas, no fundo, os meus amigos fui eu que os escolhi e a nossa amizade foi contruída por... nós. É algo que partilhamos e é algo a que eu dou muito valor porque "um dia se for preciso" são ele que vão lá estar por mim da mesma forma que eu estarei por eles. Só tenho que lhes agradecer por fazerem parte da minha vida.

A nível pessoal aconteceram muitas coisas boas, principalmente em termos de música ao vivo. Fartei-me (quase literalmente) de ver concertos bons e nem sequer quero entrar na agenda para 2012 senão ainda me engasgo (Black Sabbath, gasp...). A Loja do André andou um bocadinho para a frente e a Andre Goes to Mexico viu a luz do dia. Infelizmente, ainda que os meus níveis de motivação sejam altos, ter um emprego a tempo inteiro rouba-me alguma da energia que preciso para dar atenção suficiente a todos os projectos que quero ter. Sair do trabalho e vir para casa trabalhar neles chega a torna-se, às vezes, numa rotina complicada. A resolução de ano novo vai ser priorização de tarefas e actividades, incluindo espaço para não fazer absolutamente nada, que foi o capítulo onde falhei este ano. Trabalhar para além do meu emprego é um estado de espírito, no meu caso um estado de espírito que não dispensa uma relativa dose de descanso. Longe de workaholic, sou uma pessoa que gosta de trabalhar por gosto, mas com perfeita noção de que nenhum trabalho é melhor que aquele se celebra com uma pausa merecida. O próximo ano vai ser um onde vai haver mais e onde vai haver melhor. Projectos frescos já os há, só falta a sua concretização.

Comprometi-me a ver 100 filmes ao longo do ano mas infelizmente fiquei-me pelos 91. Será que conseguirei ver 120 filmes em 2012? Sinto-me tentado a subir a fasquia como forma de motivação. Não existe melhor fonte de inspiração que um bom filme (ou museu, mas não vamos por aí). Fica aqui a lista para os que se interessarem: http://www.imdb.com/list/otWsdt61ZzQ.

Na tentativa de me puxar mais além e me propor a novos desafios decidi que não vou comer açúcar (que não venha de uma fonte natural) durante os três primeiros meses do ano. Parece uma medida drástica e sem grande sentido, mas a verdade é que se não o fizer, nunca saberei se sou capaz. Confesso que às vezes abuso um pouco do açúcar, principalmente estando o tabaco, o álcool ou a carne fora dos meus hábitos ou dieta (há mais de 10 anos, note-se). Poderia 'moderar' mas o meu problema com o 'moderar' é que permite que se pise fora do risco a qualquer altura. Conhecendo-me como conheço, sei bem que isso não ia funcionar, afinal de contas, não é como se eu precisasse de fazer isto! O objectivo não é esse, mas sim ver como vou reagir à abstinência (quase) total de açúcares não-naturais. Não entrando em extremos (como "o pão leva açúcar"), aquilo em que vou cortar são as opções mais óbvias e tentadoras: chocolates, gelados, doces, bolos, refrigerantes, pipocas, pastilhas elásticas, etc, etc.  Em troca vou apenas usar como fonte de açúcar a fruta, sumos de fruta naturais e mel. É um desafio grande e uma excelente prova de força de vontade, que certamente não me vai fazer mal nenhum. Começa hoje à meia-noite e poderá ser seguida através deste blog que criei para a ocasião.

Um bom ano a todos; que 2012 vos traga de pior o que 2011 vos trouxe de melhor.

2 comentários:

Leandro Afonso disse...

bom ano andy-o. fico contente que este ano que passou tenhamos estado varias vezs juntos, espero que 2012 seja sinonimo de estarmos ainda mais!

ja agora, gostei bastante de ler este post!

abraço

André disse...

espero bem que sim! é começar a olhar para o calendario! abraços! :)