Vou escrever isto porque não me quero esquecer que aconteceu. Sou uma pequena caixa de memórias e há algumas que guardo ternamente no meu coração para relembrar de tempos a tempos, sendo esta uma das mais recentes.
Neste Campeonato do Mundo tive a infelicidade de perder dois dos jogos de Portugal da fase de grupos, ora por estar a vir de Françar ou a caminho de Portugal. Neste último e dado que poderia 'esticar a corda' um bocadinho decidi ir de comboio para Stansted, ao contrário do habitual autocarro. Dizia-me o Eoin que era muito mais rápido que o autocarro (quase uma hora e um quarto de diferença) e eu pensei que, dada a hora do voo, ainda conseguiria ver a primeira parte do Portugal - Brasil no escritório para depois então seguir viagem. Se tudo corresse bem chegaria ao aeroporto com quase quarenta e cinco minutos de antecedência.
Claro que, dada a minha tradição com voos, nada poderia correr como previsto. Tenho no currículo dois voos perdidos, vários quase perdidos, outros apanhados porque o avião atrasou e mais que uma corrida de mala em braços até à porta de embarque. Desta feita a viagem de metro até Tottenham Hale correu na perfeição. Tinha dois comboios que poderia apanhar de modo a chegar a horas e nada aparentava correr mal, até que... pelo intercomunicador avisaram que devido a um incêndio num sinal entre a paragem anterior e Tottenham Hale os serviços de comboio tinham sido interrompidos e não se sabia quando iriam ser restaurados. Ainda que esteja habituado a situações do género, vi um pouco a minha vida a andar para trás. O motivo para a ida a Portugal era grande demais para ser adiado assim.
Passados alguns minutos de espera a ver se o serviço voltava e depois de ser avisado que o jogo tinha acabado com um empate, decidi ir perguntar a alguém o que é que se passava e quando é que o serviço ia voltar. O empregado ao bom estilo de empregado que só lá está a enfeitar, limitava-se a dizer que não fazia ideia de quando poderia voltar e que tanto podia ser dez minutos como uma hora. Daí surgiu uma voz que perguntava se alguém alinhava dividir o preço de um táxi até ao aeroporto, ao que eu prontamente disse que sim. Com cerca de quarenta minutos para o voo não havia muito tempo para hesitar.
Juntámos 5 pessoas e lá nos enfiámos no táxi, que nos ia levar a Stansted por £90. A distância ainda era alguma e o meu medo era apanhar trânsito e não chegar lá a tempo. Na minha cabeça já pensava que ia ter que marcar outro voo para a manhã do dia seguinte e dormir no aeroporto, caso não apanhasse o previsto.
Dentro do táxi e já depois de alguns dedos de conversa, estava eu, um inglês, uma espanhola, um alemão e um italiano. A mistura étnica perfeita numa altura em que o Campeonato do Mundo ainda estava ao rubro. Falou-se de futebol até mais não, desde as equipas à aposta de £1000 que o italiano tinha posto nos ingleses para ganhar o torneio. A meio da viagem, e com algum receio, já se seguia o percurso pelo Maps do iPhone e as departures através do site do aeroporto. Eu e o alemão éramos os dois que tinham os voos em risco, já que os outros só iriam voar daí a uma hora. Quando lá chegámos sabíamos, através do site, que as portas de embarque ainda não tinham sido anunciadas mas mesmo assim corremos até à segurança em Stansted onde nos despedimos com um aperto de mão e um 'boa sorte para o Mundial'. Daí corri até ao fim do aeroporto, onde a Ryanair tanto gosta de pôr os voos para Portugal e lá chegado ainda tive que esperar cerca de 25 minutos em pé devido a um atraso que deu tempo para comer uma sandes de queijo e beber qualquer coisa. Enfim, nada como uma pequena aventura para abrir apetite ao que viriam a ser 5 dos melhores dias que já passei este ano.
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