1 de junho de 2011

Budapeste - Dias 4 e 5

Dia 4 – 26/02/09
Este dia começou demasiado cedo para o meu gosto pessoal, o motivo era uma visita a uns armazéns chineses que tínhamos visto falar na Time Out. Aparentemente encontram-se lá pérolas mas eu confesso que só encontrei lixo. Apanhámos o autocarro até lá e não demorou até que ficássemos chocados com o que estávamos a ver.


Primeiro era só chineses com um mau aspecto horrível por todo o lado, depois aquilo parecia uma fábrica abandonada com o Martim Moniz e seus retalhistas enfiados lá dentro. Como se isso não bastasse, em cada canto havia meia dúzia de chineses a jogar avidamente às cartas a dinheiro. Quando digo avidamente digo com olhos raivosos e movimentos bruscos de frustração a atirar as cartas para a próxima jogada. Estávamos definitivamente no sítio errado. Depois de uma volta ao complexo, incluindo uma parte recém-destruída por um incêndio, decidimos atravessar a rua pois tínhamos visto uma entrada para um outro mercado, onde cedo viríamos a descobrir, que tinha ainda mais mau aspecto que este. Esta parte do mercado era reminiscente das feiras do Primeiro de Maio que costumava (?) haver na Alameda do Técnico. Simplesmente não havia tom de festa, era só chineses a vender coisas horríveis a preços baratos e se não fossem os produtos a estarem marcados com o preço em florins, eu ia jurar que estava no Médio Oriente. Medonho, embora eu confesse que até gosto deste tipo de choques culturais. 



Apanhámos o autocarro de volta para a realidade e fomos ver a sinagoga, que é a maior da Europa e segunda maior do mundo. O edifício é lindíssimo, por fora e por dentro, e valeu a visita apesar do preço de entrada algo exagerado. Tivemos obrigatoriamente que pôr daqueles chapéus judeus que só tapam o cocuruto mas tirando isso foi uma boa visita. O museu judeu, situado ao lado, não tem assim nada de especial tirando meia dúzia de artefactos que não interessam a ninguém. Do lado de fora da sinagoga tem um cemitério judeu (claro...) e um tributo aos judeus que morreram durante o Holocausto. 



Seguimos a pé por aí fora até chegarmos a um restaurante de húmus e falafel que eu tinha visto num guia da cidade. No guia dizia que era dos melhores e realmente adorei o que comi. Houve quem deixasse comida no prato, mas eu não! Estava mesmo bom. Achei curioso ter dado aquela música de Ignite em húngaro, até aí nem me tinha lembrado que o Zoli é de lá. Depois começou a dar Sublime, mas nós já estávamos de partida. 

Com um frio de rachar (creio que num dos dias chegaram mesmo a estar 7 graus negativos) fomos a passo rápido para o metro e seguimos para o Museu de Belas Artes. No museu fomos literalmente obrigados a despir os casacos e a pô-los no bengaleiro, algo que eu achei extremamente curioso!
Se não tivesse ido antes a grandes museus europeus teria achado este espectacular, como já fui, achei que lhes deram uns restos de arte antiga deste nosso continente para fazerem exposições ao invés de terem o edifico vazio. O edifício em si é bonito mas idem aspas o que já disse anteriormente acerca das reconstruções pós-guerra. As exposições são muito fraquinhas mesmo, mas vamos por partes. 
A primeira que vimos era sobre o Egipto e tinha uns sarcófagos e artefactos egípcios. Longe de impressionante. Depois vimos uma sobre arte bizantina com meia dúzia de pinturas. Subindo ao andar de cima vimos muita arte cristã de 1300 a 1700 onde infelizmente os senhores que montaram as estruturas acharam por bem pôr uma lâmpada a apontar directamente para as pinturas, significando que quem se chegasse um pouco mais perto do quadro para apreciar um detalhe não iria ver mais que um reflexo. Boa. O único ponto alto terá sido um quadro do Da Vinci, que para além de ter a tal lâmpada a estragar tudo ainda estava protegido com vidro, ou seja... vi mais reflexo que tinta. Numas salas ao lado tinha alguns quadros impressionistas que gostei de ver, mas de novo, tudo em quantidades pequeninas e só de 3 ou 4 artistas. Que me lembre tinha Monet, Manet e Renoir. No geral, muitos, muitos quadros de mestres holandeses e espanhóis. Muitos mesmo.

O jantar foi descontraído, na Pizza Hut. A noite foi longa e de sono, o cansaço já acusava qualquer coisa. Afinal de contas tinham sido 3 dias a andar a pé quase constantemente.

Dia 5 – 27/02/09
Partimos para o aeroporto ainda não eram 8 e meia da manhã, apanhámos o metro e depois o comboio. Desta vez a revisora não nos mandou mudar para a carruagem dos pobres, ao menos isso. A ideia que levei da cidade não diferiu muito da que tinha quando cheguei. É uma cidade alegremente triste, ainda muito marcada pelo regime comunista. Acredito que seja muito mais divertida durante o Verão mas sinceramente não me vejo a querer voltar lá. Tudo correu descontraidamente no aeroporto e passado 2 horas e meia já estávamos de volta a Londres.

Acho que vimos quase tudo o que era importante ver e conhecer. Não fomos à Cidadela, também do lado de Buda, uma espécie de colina com uma vista linda sobre a cidade e uma estátua que lembra o Cristo Rei (salvo seja). Não fomos também aos banhos exteriores, que é algo de que tenho pena pois não sabia de sua existência até ter voltado. Não fomos ao Parque das Estátuas, onde eles guardaram todas as estátuas colossais da altura do comunismo (em vez de as terem destruído como aconteceu noutros países pertencentes à Cortina de Ferro) e que se pode visitar. Infelizmente não é muito central e ir lá de propósito correndo o risco de apanhar um tempo horrível acaba por não compensar quando há outras coisas mais interessantes para ver e/ou fazer.

Não desgostei da viagem e achei que Budapeste é uma cidade que consegue ter o seu encanto, apesar de tímido. Se calhar a altura do ano para lá ir foi mal escolhida mas a realidade é que não fiquei com grande vontade para ver como é durante o Verão. Ficam as memórias de dias bem passados.


Dias 1, 2 e 3: http://lepongeculturelle.blogspot.com/2011/06/budapeste-dias-1-2-e-3.html

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